mercredi 21 janvier 2015

Professores agastados

Greve à vista no início do ano lectivo

Os professores pretendem levar a cabo uma greve tão logo as aulas tenham início, a 5 de Fevereiro do ano em curso.
Eles prometem paralisar as aulas devido a uma alegada insistência do Ministério da Educação em não resolver os seus problemas, visto que continuam a ganhar mal
Baldino Miranda.


Se o Ministério da Educação (MED) não efectuar o enquadramento salarial dos vários professores, com os graus académicos de bacharéis e licenciados, em quase toda parte do território nacional, sobretudo em Luanda, os docentes poderão paralisar as aulas, assim que elas tiveram início no próximo mês de Fevereiro, revelou ao Semanário Angolense (SA) uma fonte do Sindicato Nacional dos Professores.

Para além das actualizações de categorias e dos enquadramentos salariais, haverá ainda questões que têm a ver com a existência de novos professores, que estarão a ganhar mais do que os antigos. «Há professores novos que já foram enquadrados e que estão a ganhar mais, ou seja de acordo com as novas tabelas salariais, em detrimento dos seus antigos colegas» denúncia a fonte do SA, que entretanto pediu para não ser identificada.
Segundo a fonte do Sinprof, o Ministério da Educação tem em mãos um elevado número de processos de docentes por resolver, desde o ano passado, mas que até ao momento o órgão de tutela «nada fez». Revela que os professores já procuraram, em distintas ocasiões, tratar deste imbróglio com o titular da pasta, Mpinda Simão, mas que as suas tentativas nunca foram «bem-sucedidas».

A fonte deste jornal diz que, apesar de se aumentado a fatia do Orça­mento Geral do Estado (OGE) nestes últimos anos, «o MED não tem sido capaz de resolver os problemas dos docentes». Estende igualmente as críticas à antiga Direcção Provincial da Educação de Luanda, que agora passou a denominar-se Gabinete Provincial da Educação, no âmbito das mudanças operadas na Governação da província de Luanda.

O sindicato diz que tem acompanhado a realidade do sector e lamenta que muitos problemas não foram ainda solucionados, sobretudo nas zonas mais recônditas do país. «Há professores no interior de Angola que trabalham em escolas em péssimas condições», revela a fonte que temos vindo a citar.

O Sinprof afirma que os «vários problemas» levantados no ano passado pelos professores nas províncias das Huíla e Cabinda «não foram ainda resolvidos na sua totalidade». Não descarta que os visados poderão num futuro não muito distante empreender marchas de protesto contra os responsáveis do sector Negócios escuros.

A fonte do Semanário Angolense acredita que algumas das promoções que têm sido feitas estarão a resultar de «esquemas» engendrados entre o Departamento dos Recursos Humanos do Gabinete Provincial da Educação de Luanda e alguns dos professores beneficiados.
«Temos informações de que algumas das promoções têm sido feitas a troco de elevadas “gasosas”», sublinhou a fonte, sem contudo avançar os montantes envolvidos em tais transacções.
A fonte sindical denunciou igualmente situações anómalas que têm vindo a registar-se, ciclicamente, com a venda de vagas de ingresso no ensino regular.

Tratase de um assunto, ao qual o sector não está alheio, visto que o próprio director provincial do Gabinete da Educação, André Soma, ameaçado os presumíveis autores com a instauração de processos crime.

Em relação à venda de livros, considera que existe uma «máfia» em torno desta questão, já que os deveriam ser distribuídos gratuitamente aos alunos com maior dificuldades económicas.

Sem deixar de transparecer um certo cepticismo, espera que a situação venha a ser invertida no presente ano lectivo.
«Com o aumento substancial na fatia do orçamento de 2015, esperamos que o Ministério da Educação resolva, com a maior brevidade possível, os problemas que assolam a classe», adicionou.

Criticou a postura dos órgãos públicos de comunicação social estatal, que, em seu entender, «têm dado grande ênfase ao crescimento das infraestruturas escolares, em detrimento dos investimentos que devem ser feitos nos recursos humanos, mais concretamente nos docentes.

Com o objectivo de colher a versão da tutela, o SA procurou contactar o portavoz do Ministério da Educação, António Campos, tendo ele indicado o Gabinete da Educação para a «prestação de informações».

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