lundi 25 janvier 2016

“José Eduardo dos Santos quer obrigar a todos ficarem calados”

Por A. Epesse

Para o povo não ser informado ou esclarecido com verdade sobre tudo o que acontece no seu próprio país todos os dias, José Eduardo dos Santos começou por não permitir que algumas rádios particulares emitissem ou retransmitissem o seu sinal em ondas curtas, único meio que permitiria que as mesmas tivessem uma cobertura nacional.


Mas, em vez disso, conferiu tal capacidade a Emissora Nacional e a TPA (Televisão Popular de Angola), dois meios de comunicação afectos ao MPLA que, por não dizerem nada de importante porque limitam-se a desbobinar as mesmas cassetes anos a fio sobre o Luena e a sua maquete da futura assembleia provincial, Benguela e os seus quilómetros de estradas asfaltadas mas que já se encontram esburacadas, etc., etc., o povo já não os considera como apetecíveis, preferindo escutar e ver as emissoras da rádio e da televisão estrangeiras. 
 
Continuando com a sua sanha de controlar a informação em Angola, José Eduardo dos santos lançou-se contra os órgãos de comunicação privados, e alguns dos seus colaboradores tem procurado constantemente neutraliza-los, impedindo as vezes a publicação dos referidos jornais especialmente quando os referidos títulos não forem do seu agrado e, no caso extremo, comprando o próprio jornal.

Agora, quer controlar a internet. Afinal o que é que o Senhor presidente José Eduardo dos Santos pensa e quer dos Angolanos? Vê-os como autênticos bois amarrados a uma canga do seu poder sem direito de reclamar?

Pelos vistos, José Eduardo dos Santos não deve saber nada disso, nem mesmo o que isso significa porque, ao longo dos quase 37 anos do seu consulado, ele nunca foi eleito e, por isso, nessa condição, ele sente-se completamente fora de qualquer compromisso que pudesse resultar do voto que lhe tivesse sido conferido pelo povo.

É assim porque, para evitar que fosse sujeito a um escrutínio popular para ser votado, correndo o risco de ser derrota nas urnas, influenciou a alteração da constituição em 2011, e como a lei por ele introduzida na constituição diz que o presidente é o primeiro candidato na lista do partido vencedor, a partir daqui, o que passou a ser votado é o MPLA/Partido e não o José Eduardo dos Santos que, para se fazer presidente limitou-se apanhar a boleia que queria do partido.

Ora, um homem assim, nunca pode ter a obrigação de honrar o que quer que seja, porque nunca foi escolhido através do voto popular - daí o modo mais hediondo alguma vez visto, como ele tem tratado a questão angolana; na verdade se José Eduardo dos Santos tivesse sido eleito através de um voto popular, saberia minimamente que, quem elege, tem direitos e faz exigências, e quem é eleito, tem deveres e obrigações a cumprir, prestando contas perante o seu eleitorado, e deve mentalizar-se que, estará sempre sujeito a críticas e insultos e, se for preciso, até mesmo ser afastado do poder porque é assim que funciona a democracia em todo o mundo.

Eu não percebo para quê tantas manobras despiciendas para fazer calar os angolanos, sabendo muito bem que isso é completamente impossível dadas as actuais circunstâncias do país e a nova mentalidade do povo angolano, sem esquecer os valores geoestratégicos do mundo em que Angola se encontra inserido.

Para quê alimentar e acicatar os ódios do pacífico povo de angolano se nada é eterno neste mundo?

Os impérios terminaram e os que recentemente tentaram seguir-lhes os passos e procuraram perpetuar-se no poder, muitas vezes acabaram mal, arrastando para a miséria e para a indigência até os membros das suas próprias famílias que, em muitos casos, não tinham nada a ver com a ganância dos pais que sempre diziam: “l’état c’est moi”!

Será que alguma vez o povo angolano irá calar-se perante a corrupção exacerbada que desgraça o país, sabendo que o dinheiro do país é utilizado todos os dias para comprar empresas, imóveis, bancos, quintas etc. etc. no mundo inteiro? Será que o povo angolano alguma vez poderá calar-se vendo que o brilho da cidade alta contrasta com o lixo que, as vezes, impede até o próprio comboio da Capital a circular?

E as estradas esburacadas do país, a falta de água e luz nas cidades principais do país especialmente na capital Luanda, a subida exagerada de preços dos alimentos e dos combustíveis num país que produz petróleo quando combinada com o recente anúncio do segundo corte nas importações de muitos produtos, situação que vai encarecer ainda mais os poucos produtos que existirem no mercado face aos magros salários dos trabalhadores, e sem falarmos em milhões de angolanos que não têm empregos - será que perante tudo isso o povo será obrigado a ficar calado?
  
É bom que em Angola todos os governantes comecem também a criar o hábito de autocensura ou autocritica e não de intocáveis, a ponto de não aceitarem criticas pelas maldades que causam ao país porque, se for este o caso, o melhor que qualquer um deles tem a fazer é demitir-se em vez de se armar em ditador, procurando fechar os caminhos que conduzem a paz, liberdade e bem-estar do povo porque, para além de ser um caminho muito perigoso que seria para Angola, seria também totalmente impossível de se concretizar porque, governar as pessoas não é o mesmo que comandar uma manada de bois com um chicote.

Em Angola cada Governante tem um nome e deverá ser por esse nome que será chamado a razão, não importa que seja num jornal, na rádio, na televisão ou na internet, etc. etc.. mas será chamado ou falado e ninguém poderá impedir isso nem mesmo o Senhor Presidente José Eduardo dos Santos.


Portanto, quem não quiser ver o seu nome nessas condições que passe a governar bem ou se demita das suas funções porque, neste caso, não faria falta.

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