Folha 8
O MPLA resolveu,
mais uma vez, vestir a pela de cordeiro e vir a público dizer que está
preocupado com os seus escravos. A estratégia é antiga mas, mesmo assim, apanha
na sempre na os mais ingénuos.
Assim, hoje, o
MPLA reconheceu (é preciso ter uma lata descomunal) que as comemorações do dia
do Trabalhador no país acontecem este ano num momento “particularmente difícil,
do ponto de vista económico e social”.
É assim há 40 anos.
Também é assim a repetição até à exaustão da tese: olhai para o que dizemos e
não para que fazemos. Ou seja, estão apenas preocupados com os poucos que têm
milhões, relegando para as calendas os milhões que têm pouco… ou nada.
A posição surge
na nota oficial do partido no poder em Angola desde 1975, a propósito do 1.º de
Maio, admitindo que a queda do preço do petróleo no mercado internacional tem
provocado “constrangimentos” na vida dos trabalhadores angolanos.
“Com o objectivo
de atenuar tais constrangimentos, o MPLA encoraja o Executivo angolano a
implementar, com rigor, as medidas que visam a diversificação da economia,
aumentando significativamente a produção nacional e as fontes de receitas, para
que Angola possa ver reduzido o peso do petróleo no seu Produto Interno Bruto”,
lê-se numa nota enviada à comunicação social e, é claro, destinada a ser
publicada sem mais comentários.
No caso do Folha
8 bateram à porta errada porque, como acontece desde a nossa fundação, em 1995,
recusamos ser meros amplificadores das teses oficiais. Temos opinião.
Pensamos
pela nossa cabeça. Não fomos formatados (embora não parem de tentar) pelo
regime e recusamo-nos a frequentar as aulas de educação patriótica “made in
MPLA”.
O partido,
liderado por José Eduardo dos Santos, que é também Presidente de Angola (nunca
nominalmente eleito) e Titular do Poder Executivo desde 1979, advoga a
necessidade de o Governo dar “respostas claras às necessidades das populações”,
nomeadamente “aumentando o investimento público e estimulando o investimento
privado nos sectores que geram mais empregos e destinando mais recursos para a
agricultura familiar”.
O MPLA parece ter
agora descoberto a pólvora. Mas ela foi inventada há muito tempo. A
diversificação da economia, a aposta na agricultura – por exemplo – é defendida
por nós (entre muitos outros) há dezenas de anos.
Nesta altura, no
reino de sua majestade o rei de Angola, José Eduardo dos Santos, existem mais
de dois milhões de angolanos em idade activa sem emprego, o que equivale a uma
taxa de desemprego superior a 25%.
Angola enfrenta
actualmente uma crise financeira e económica decorrente da quebra da cotação do
barril de crude no mercado internacional, que só em 2015 fez diminuir para
metade as receitas petrolíferas do país, com efeitos em toda a economia e a
destruição, segundo os sindicatos, de milhares de empregos em sectores como dos
petróleos e da construção.
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