A UNITA (União Nacional para a
Independência Total de Angola) é um Partido independente de qualquer outra
agremiação política.
A decisão do Dr. Savimbi de aderir
a UPA em 1961 surgiu de uma convicção pessoal que era impossível conseguir um
dialogo com o governo português que levasse a solução do conflito que opunha o
povo angolano ao regime colonial.
Sendo a UPA a organização
nacionalista que mais prontamente se tinha pronunciado pela luta armada,
pareceu-lhe por isso que ela representava melhor as aspirações do povo que
visavam o derrube do regime colonial português.
O Dr. Savimbi como Secretário-Geral
da UPA e Ministro das Relações
Exteriores do GRAE (Governo Revolucionario de Angola no Exilio) foi sempre de
opinião que esta luta tinha de ser levada a cabo no interior do País com a
presença dos dirigentes para encorajar e orientar os quadros, os comandantes e
o povo em geral. Essa posição nunca foi entedida pelos outros que preferiam
dirigir a luta a partir do exterior. Não tendo havido entendimento
neste ponto de vista que o Dr. Savimbi achava crucial, em 1964 decidiu
abandonar a UPA-FNLA.
Com a retirada do Dr. Savimbi da
UPA, os jovens responsáveis que na altura estavam em sua volta seguiram o mesmo
caminho. Entre eles destacavam-se os seguintes: Miguel N’Zau Puna, Dr. José
Liahuka, Tony da Costa Fernandes, Ernesto Joaquim Mulato, José Ndele,
Florentino, Alexandre Taty, estes todos a partir de Kinshasa na altura, Alexandre
Pedro Magno que se encontrava em Brazaville, Ruben Chitakumbi e Jerónimo Wanga
na Suiça. Mais tarde outros quadros foram entrando como é o caso de: Jorge
Ornelas Sangumba, Jeremias Chitunda, Manuel Barbosa, Eng° Kassoma, Alexandre
Francisco, Dr. Fonseca, todos nos anos 60.
Em princípios de 1965 depois de
longas reflexões e discussões com o António da Costa Fernandes (Tony) em
Champaix (na Suiça) foi criada a UNITA (Ossatura) As reflexões continuaram e a
ideia da luta armada ganhava corpo. Havia necessidade de penetrar o interior.
Como e com quem? Dai a ideia da selecção dos 12 quadros inclusive o próprio Dr.
Savimbi. Essa selecção e o seu movimento para a China a fim de aprenderem a
arte da guerra de guerrilha não foi fácil pelo seguinte:
Naquela altura reinava já o
sentimento de revolta contra o colonialismo português no seio dos Quadros que
se encontravam fora do País na sua maioria por razões políticas. Mas faltava
quem lhes apresentasse um programa concreto e claro de como encetar a luta.
Já se vivia o clima da guerra-fria
entre o Bloco Ocidental chefiado pelos Estados Unidos de América a apoiar a
FNLA de Holden Roberto e o Bloco Leste chefiado pela então União Soviética a
apoiar o MPLA de Agostinho Neto.
Falar-se nessa altura da fundação
de um novo Partido, era visto como uma provocação aos interesses das duas super
potências de então. Foi assim que para angariar apoios, o Dr. SAVIMBI se
deslocara a União Soviética, América, Alemanha (Oriental) de Leste, Ungria,
Tanzânia sem sucessos.
Só no Egipto quando se apanhou com
o grande amigo AHMED ABDEL NASSER, tendo-o apresentado a embaixada Chinesa que
depois de inteirar-se do programa acharam-no muito importante e
comprometeram-se em apoia-lo. Foi a partir dai que foi possível juntar o grupo dos
doze e preparar a viagem para a China.
Os nove meses de treino em Naquim
foram decisivos e de muita dinâmica ao ponto de os Instrutores Chineses admirá-los
pelo entusiasmo demonstrado.
Findos os treinos tinham que
regressar, mas não era fácil por
questões de segurança e pelo facto de que para atingirem o território angolano,
tinham de passar por Países que eram hostis a ideia da criação da UNITA e
muitos desses Países ou eram amigos do MPLA ou então da FNLA; tiveram então de
se repartir em pequenos grupos, com itinerários diferentes, disfarçados e
simulados. O risco era grande, mas impunha-se a necessidade da oficialização da
fundação do Partido, bem como a sua legitimação perante os angolanos e o mundo.
Alguns foram presos nessa caminhada.
LANÇAMENTO OFICIAL DA
UNITA
Jonas
Savimbi chegou no interior do país pelo Lumai, na zona entre os rios Luyo e
Lunguembungu. Samuel Piedoso Chingunji Kafundanga era o comandante. Só os que tinham
ido para a China eram chamados comandantes. Ninguém tinha arma.
Mario
Chilulu Cheya, então cadete (recruta), afirma que "na altura as armas
reservadas aos comandantes eram canivetes. So o Dr Savimbi tinha uma pistola.
As primeiras armas recebidas eram tradicionais de caça, que a população oferecia.
Essa época que precede directamente o I Congresso, caracterizava-se pela
mobilização político- militar. Em todas as aldeias onde passavam as colunas,
formavam-se Kapokolas, que designavam milícias como estafetas. Foi graças aos
Kapokolas que todos militantes clandestinos puderam se reunir em Muangai Província do Moxico e participar no dia 13 de Março de1966 na
Proclamação da UNITA. . Foi o primeiro Congresso, o
Congresso constituinte que lançou as bases da sua fundação e o funcionamento no
interior do País, com o objectivo de participar na luta de libertação nacional
e a consequente democratização do País.
Para
o Dr. Savimbi, : 1° o combate de libertação nacional tinha que ser feito
no interior do país, junto do povo e dos soldados, para os dirigentes
partilharem com o povo o sacrifício e a esperança ;
2°-Contar
sempre e principalmente com as suas próprias forças e aprimorar a sua capacidade de organização e de mobilização do povo.
Estes
dois principios estratégicos distinguiram a UNITA de todos os outros Movimentos
de Libertação em África e é neles que residiu sempre a sua força. Foi assim que
a UNITA desenvolveu, no seu seio, sólidos laços de solidariedade e conseguiu
proteger-se melhor contra as interferências estrangeiras, apostadas no seu
desaparecimento.
Em Muangai, berço da UNITA, foram estabelecidos os
seguintes ideais republicanos:
1. Liberdade
e Independência Total para os homens e para a Pátria mãe.
2. Democracia
assegurada pelo voto do povo através de vários Partidos políticos.
3. Soberania
expressa na vontade do povo de ter amigos e aliados, tendo sempre e em primeiro
lugar os interesses dos Angolanos.
4. Igualdade
de todos os Angolanos na Pátria do seu nascimento.
5. Na
busca de soluções económicas, priorizar o campo para beneficiar a cidade.
Estes
ideais republicanos da liberdade, independência, igualdade, democracia
multipartidária, soberania popular, desenvolvimento harmonioso do país a partir
do interior e cooperação internacional com vantagens mútuas, constituem o
Projecto de Muangai.
Depois do desaparecimento físico
do Presidente fundador, o Dr. JONAS MALHEIRON SAVIMBI em 2002, foi eleito
ISAÍAS HENRIQUE GOLA SAMAKUVA como Presidente do Partido.