A crise em Angola
está levar vendedores do sul a comercializar alimentos na Namíbia, mas muito
abaixo do preço habitual, motivando a
crítica dos comerciantes namibianos, que já defendem limitações.
A situação é
retratada esta semana pela imprensa namibiana, mas arrasta-se desde JUL2015,
com o agudizar da crise em Angola devido à
quebra na cotação do petróleo, o que levou nomeadamente à forte desvalorização
do kwanza, face ao dólar norte-americano,
ao aumento dos preços e a cada vez menos clientes do lado angolano.
Para fugir à
crise, os produtores e vendedores das províncias do Cunene e do Cubando Cubango
começaram a vender cana-de-açúcar, amendoins,
cebolas, batatas, tomates e frango nas estradas do outro lado da fronteira, em
concorrência com os produtores locais, que se queixam de preços
substancialmente mais baixos por parte dos angolanos.
Citados pelo
jornal The Namibian, comerciantes da região de Oshikango, junto à fronteira sul
de Angola, afirmam que os vendedores angolanos estão a
"matar" o negócio, já com despedimentos em pequenas empresas
namibianas, e que não conseguem competir com os preços baixos.
Os angolanos
referem, por seu lado, que tentam fugir às dificuldades financeiras, falta de
clientes e mesmo a fome que existe do outro lado da fronteira,
tendo em conta que o sul de Angola também tem enfrentado um período de seca
prolongada.
"Não temos
clientes em Angola e há fome. Não podemos ficar lá", conta Silvana
Nakahamba, uma destas angolanas que agora vende na Namíbia, onde
chegam a dormir ao relento para fazer negócio, numa altura do ano em que as
temperaturas podem descer fortemente.
Alguns
comerciantes namibianos defendem que a solução já não passa apenas pela
intervenção policial, mas pela constituição de mercados
próprios para
angolanos, na Namíbia.
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