A construção de
um restaurante numa conhecida praia de Benguela, em Angola, mesmo sobre a
areia, está a ser interpretada como atropelo ao Plano de Ordenamento da Orla
Costeira.
A obra,
propriedade do empresário Anselmo Mateus, chegou a ser embargada pela
Administração Municipal, mas a verdade é que os trabalhos prosseguem.
As obras tiveram
início há já algum tempo, mas só agora, com a execução física a dar nas vistas,
surgem os primeiros pronunciamentos críticos.
O arquitecto
Felisberto Amado olha para o restaurante, um financiamento da Arca Velha,
produtora do músico Matias Damásio, como uma afronta ao ordenamento do
território.
“É uma violação
clara aos POOC’s (Planos de Ordenamento da Orla Costeira), assim como de outros
planos, ligados ao ambiente e ao ordenamento do território. Pior do que isso é
que estamos a perder o bom senso’’, refere Amado.
Plano de
Ordenamento da Orla Costeira à parte, o professor do Instituto Politécnico da
Universidade Católica fala em arrogância na governação, porque “o cidadão
estará privado de usufruir de um bem de todos, por capricho”, por ser alguém
“costas largas num país governado com muita arrogância’.
Para aquele
arquitecto, as autoridades ficam sem moral para arrumar a casa.
Numa visita ao
Instituto Superior Politécnico de Benguela (ISPB), situado a um palmo do local
- a praia do Pequeno Brasil - que Anselmo Mateus tenciona transformar em espaço
de carácter público, o governador Isaac dos Anjos terá manifestado alguma
preocupação, à semelhança da direcção.
A verdade é que
os trabalhos prosseguem, mesmo depois do embargo das obras, ocorrido, conforme
apurou a VOA, depois de uma visita do administrador de Benguela, Leopoldo
Muhongo, e de alguns fiscais.
A VOA tentou
contactar o empresário, por diversas vias, mas não teve sucesso.
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