14 DE MAIO DE
2015
Caro companheiro
Vice Presidente da UNITA Engº. Ernesto Joaquim Mulato
Caro companheiro
Secretário Geral do Partido Engº Vitorino Nhany
Prezados
companheiros Membros do Comité Permanente,
Minhas senhoras e
meus senhores:
Ao abrir esta
magna Reunião ordinária do Comité Permanente da Comissão Política do nosso
Partido, desejo saudar calorosamente todos os presentes, em particular os
companheiros que vieram do interior do País e que não vemos há já mais de três
meses.
Saúdo também,
patrioticamente, todos os cidadãos angolanos que, não sendo da UNITA e estando
aqui, estão genuinamente preocupados com a situação do país e estão
interessados no desempenho da UNITA, porque sentem que a UNITA também é deles e
que é a retaguarda segura para os sem voz.
Saúdo-vos desta
tribuna para vos assegurar que a UNITA está solidária com as vossas
preocupações, está a trabalhar para vós e está empenhada em encontrar soluções
para os problemas que afligem o nosso país.
Estamos
particularmente empenhados na luta contra a tirania, contra as violações dos
direitos humanos, contra a falta de emprego, a falta de esgotos, contra o
paludismo, a miséria, o crime, a corrupção e a má governação.
É contra estes
inimigos de Angola e da dignidade humana que vamos continuar a mobilizar todas
as forças vivas da nação, toda a inteligência nacional, toda a nossa
criatividade e solidariedade para a MUDANÇA.
Esta Reunião de
dirigentes da UNITA foi convocada para analisar o desempenho do Partido na
materialização das estratégias já definidas para a mudança e para definir o
horizonte temporal para a realização do XII Congresso do nosso Partido, antes
do fim deste ano.
Neste contexto,
vamos analisar, em primeiro lugar, a dramática evolução da situação política e
económica do país que se agrava a passos largos todos os dias.
Vamos discutir
medidas concretas e inteligentes para o país vencer as várias crises em que
está mergulhado, a saber: a crise social, a crise de governação, a crise
financeira, a crise de soberania e a crise eleitoral.
Vamos analisar as
melhores vias de contrariar o apetite do regime do Presidente José Eduardo dos
Santos de levar o país para um novo conflito violento a fim de inviabilizar a
sua derrota eleitoral.
E vamos também
avaliar as medidas que a UNITA deverá adoptar para unir todas as forças vivas
da nação em torno das aspirações dos angolanos por uma mudança pacífica e
estável.
Prezados
compatriotas:
A crise social
que o país vive é alimentada pelas políticas públicas que desvalorizam a vida
humana e promovem falsos valores. Mais de cinco milhões de casos de paludismo
foram relatados no ano passado, dos quais foram registados mais de 5.000
mortes. O coordenador do programa de combate à malária afirmou recentemente que
o Executivo não afectou no seu orçamento do corrente ano, quaisquer verbas para
o programa de combate à malária. A tuberculose também está a ceifar centenas de
vidas todos os anos. O país continua a ter das mais altas taxas de mortalidade
infantil do mundo. O Governo não promove adequadamente o ensino primário
gratuito, não subvenciona os livros, não garante educação de qualidade para o
povo. Aumentou o preço do petróleo iluminante só para agravar a vida dos mais
desfavorecidos. Continua a priorizar a construção de fábricas de cerveja e a
subvencionar o preço da cerveja para embebedar e mutilar a juventude e arruinar
o futuro. Uma cerveja custa Kz. 50.00 ao passo que uma garrafa de água custa o
dobro.
Por outro lado, a
má governação tornou-se uma prática incorrigível do Executivo, que persiste em
aprofundar as desigualdades, através de políticas discriminatórias e que, por
isso, atentam contra a unidade nacional.
São políticas que
foram concebidas para enriquecer ilicitamente uma minoria e empobrecer a
maioria dos angolanos. Ao invés de os angolanos sentirem o alívio da pobreza,
vêm todos os dias o aumento da corrupção que alimenta a riqueza ilícita.
A dita crise
financeira é apenas uma das manifestações da crise de governação. É o resultado
dos assaltos sistémicos ao Tesouro Nacional pela elite governante. Onde páram,
por exemplo, os mais de 30 mil milhões de dólares que o país reservou nos
últimos quatro anos, no Fundo do Diferencial do Preço do Petróleo?
Onde páram os
mais de $70 mil milhões de dólares acumulados nos últimos quatro anos, a
coberto da Reserva Estratégica Financeira Petrolífera para Infra-estruturas de
Base, criada em 2010?
Diziam-nos
repetidas vezes nos últimos anos que Angola estava sempre a subir, estava
sempre a produzir, com muitos luxos e muitas vaidades. De repente, por causa da
descida do preço de um só produto no ano passado, querem nos fazer crer que
aqueles biliões acumulados e guardados desapareceram?
Estavam a mentir-nos
antes quando diziam que estávamos a subir ou estão a mentir-nos agora?
Prezados
companheiros:
A crise de
soberania resulta do facto de o regime do Presidente José Eduardo dos Santos
ter decidido não respeitar a vontade soberana do povo angolano. O regime sabe
que o povo está cansado. Sabendo disso, o Regime resolveu agredir o povo, que é
o soberano em Angola. Resolveu usurpar o poder do povo com violência desmedida.
Resolveu mesmo matar, para intimidar e tentar, em desespero, obter o voto do
medo.
O recente
genocídio no monte Sumi, na Caála, não é uma simples retaliação pela morte
lamentável de angolanos que servem na Polícia Nacional. É muito mais do que
isso.
Felizmente, agora
o representante das Nações Unidas juntou a sua voz aos que pedem uma
investigação imparcial. Esperamos que mais cedo ou mais tarde, a real dimensão
humanitária e jurídica do genocídio do Monte Sumi seja investigada e venha à
superfície. Mas agora, cabe-nos fazer já a investigação política do genocídio.
Quem foram os
verdadeiros alvos? Quem deu as ordens superiores ao Governador do Huambo,
General Kundi Payama? Quem plantou no local dos crimes o material de propaganda
da UNITA? Com que propósito? Quem disse que os métodos da seita são similares
aos da UNITA? E com que propósito? Quem invadiu assassinou indiscriminadamente
cidadãos pacíficos e aterrorizar o povo enquanto vandalizava os símbolos da
UNITA?
Quem foi que
ficou assustado com a escolha inequívoca do povo do Huambo pela UNITA,
manifesta no dia 14 de Março aquando das comemorações do seu 49º aniversário?
Prezados
companheiros:
A UNITA tem as
credenciais de 50 anos de luta em prol de Angola e dos Angolanos. Luta pela
independência, luta pela democracia, luta pela reconciliação nacional, luta
pela paz, luta pela boa governação. A UNITA é, junto com o MPLA, a co-fundadora
da República de Angola. Ela encarna o povo, representa o povo, existe para o
povo. Hoje não há Angola sem UNITA, assim como não há UNITA sem Angola. Por
isso, a UNITA é a sucessora natural e efectiva do MPLA na condução dos destinos
de Angola.
Quando o regime
do Presidente José Eduardo dos Santos decide agredir o soberano em Angola,
fá-lo agredindo também a UNITA. Foi assim no passado e parece ser este o
desígnio actual das forças anti – Angola.
A crise de
soberania é também uma crise de legitimidade. Se o regime reclama legitimidade
por ter chegado ao poder por via eleitoral, ele perde a legitimidade por ter
subvertido o Estado democrático e o ter tranformado num Estado autoritário e
corruptor que, para sobreviver, usurpa com violência o poder que lhe foi
emprestado pelo soberano para agredir o próprio titular do poder. Ninguém pode
pretender ser detentor de um poder legítimo quando se comporta como usurpador e
violador de direitos do titular deste mesmo poder.
A proposta de lei
do registo eleitoral concebida pelo Presidente José Eduardo dos Santos
enquadra-se nessa agressão ao soberano em Angola. Sabendo que a vontade do
soberano é votar a sua saída da Cidade Alta, o Presidente jogou a sua habitual
cartada: violar abertamente a Constituição que jurou defender e atribuir a si
próprio a competência de decidir quem vota e quem não vota. Ou seja, o
Presidente da República decidiu inviabilizar à partida a sua saída do poder
atravês de um acto inválido, mandando aprovar uma lei que viola a Constituição.
Ao fazer isso, o
Presidente da República abre uma nova crise, a crise eleitoral, que também é
reflexo da sua crise de governação. Assim, o Presidente que tinha o compromisso
solene de conduzir o país à democracia plena e de garantir a estabilidade do
Estado democrático, agravou a sua posição de principal agressor da soberania
nacional, a génese do problema nacional, o principal factor de instabilidade
política e social em Angola.
Angola consolida,
assim, a sua condição de Estado de não direito, que deixou de se fundar na
vontade do povo angolano e passou a basear-se na vontade de um só homem. Deixou
de se fundar na dignidade da pessoa humana, e passou a basear-se no desprezo e
na indiferença para com os angolanos.
Compatriotas:
A gravidade da
situação do nosso país coloca sobre os nossos ombros grandes desafios. O povo
espera que a UNITA indique o caminho a seguir. Na vida de uma Nação, chega um
momento em que todos precisam de agir. Cada um no seu lugar, mas todos precisam
de agir em sintonia. Este momento é agora.
Angola não quer
mais a oligarquia que promove as desigualdades e periga a estabilidade. Mas
também não quer nenhuma dinastia. Angola precisa de um novo regime. Angola
precisa de um novo contrato social para a construção de uma verdadeira
República. O país reclama por uma Democracia real, porque SÓ A DEMOCRACIA – a
mais autêntica e participativa que conseguirmos construir – poderá libertar-nos
do nosso passado, dos nossos temores, das nossas incertezas e indecisões. Só
ela nos permitirá fruir os frutos da prosperidade, da reconciliação e do
progresso num ambiente de liberdade, confiança e estabilidade.
É nosso desafio,
enquanto estuário das forças patrióticas e democráticas do país, iniciarmos as
démarches para criarmos este ambiente de confiança para uma mudança pacífica e
estável. O povo espera que, ao dirigir as forças patrióticas para uma mudança
estável, a UNITA ajude o país a encontrar as respostas certas para as seguintes
questões:
Como lidar com um
poder que permanentemente viola a Constituição quando a devia proteger?
Como tratar um
mandatário que usurpa o poder do mandante e, não satisfeito com isso, agride o
mandante?
Como contrariar a
tendência do agressor levar o país inteiro a um novo conflito violento só para
inviabilizar a eleição que ditará a sua demissão?
Serão as
manifestações de protesto a solução?
Haverá formas
mais eficazes de o titular do poder aplicar o princípio democrático para
exercer a sua soberania?
Os povos, em
todos os continentes, já não têm medo das ditaduras. Os angolanos precisam de
se libertar do medo e da desconfiança, porque um só homem não pode amarrar uma
Nação inteira.
Onde está a nossa
dignidade? Onde está o nosso patriotismo? O momento não é para nos posicionarmos
como políticos deste ou daquele partido, mas como patriotas e nacionalistas.
Angola em primeiro lugar. O momento é para salvarmos o país e o futuro das
próximas gerações.
Não vamos
esconder mais. Vamos demonstrar que somos uma Nação digna que sabe combater a
tirania e não tem medo de libertar.
Quero aqui desta
tribuna, fazer um apelo à consciência nacional de todos os cidadãos desta
Pátria para salvarmos o nosso país e garantirmos um futuro melhor para as
nossas crianças.
Apelo às várias
lideranças do país, políticas, cívicas e eclesiásticas. Apelo aos antigos
combatentes, aos patriotas das forças de defesa e segurança, aos trabalhadores
da Administração Pública, aos empresários; aos trabalhadores todos; apelo aos
sindicalistas, aos estudantes; apelo aos patrões e empregados, ricos e pobres,
políticos e não políticos, a todos: APELO que se libertem do medo. Vamos
reivindicar os nossos direitos e exigir que os mandatários se comportem como
tal, nos limites da Constituição e da lei.
Falo
aparentemente para os meus companheiros da UNITA, mas dirijo esta mensagem a
todo o povo de Angola, em particular aos adversários de ontem, a quem o tempo
ensinou que, afinal, no contexto actual, já não somos adversários, porque o
conflito mudou e seus actores também mudaram.
Agora estamos do
mesmo lado do combate, lutando contra os verdadeiros inimigos do povo angolano,
que são a falta de água, a falta de luz, o desemprego, a corrupção, a falta de
solidariedade, a inexistência de um ensino de qualidade, a concentração de
poderes e a má governação. Estes problemas são vividos por todos e afectam
todos e deles só se safam os que agridem o soberano.
Com este
pronunciamento declaro aberta a 10ª Reunião do Comité Permanente da Comissão
Política da UNITA.
Muito obrigado.
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