08 fevereiro 2015
Luanda - O
Governo angolano escolheu o Goldman Sachs para liderar um grupo de bancos
internacionais que serão agentes em "representação da República de
Angola" na emissão de dívida soberana.
Fonte: Lusa
Segundo despacho
presidencial a que a Lusa teve hoje acesso, datado de 30 de janeiro, o
Presidente José Eduardo dos Santos aprova a concessão de uma
"carta-mandato" conferindo às instituições financeiras Goldman Sachs
International, BNP Paribas e Industrial and Comercial Bank of China (ICBC)
"autorização para atuarem como bancos agentes em representação da
República de Angola nas emissões soberanas que o país vier a fazer.
O documento, que
não estabelece valores concretos para emissão de dívida e que surge numa altura
em que o Executivo angolano está a rever o orçamento do Estado face à forte
quebra das receitas fiscais petrolíferas, atribui ao Goldman Sachs o estatuto
de "banco líder" deste grupo.
No final do mês passado,
um outro despacho presidencial citado pela Lusa dava conta da intenção de
Luanda emitir até 1,3 mil milhões de euros em dívida, sob a forma de Eurobonds,
para diversificar as fontes de financiamento do orçamento de 2015.
Esse despacho,
assinado pelo Presidente angolano, justificava a medida pela "actual
conjuntura macroeconómica mundial", tendo em conta a forte quebra na
cotação internacional do barril de petróleo, pretendendo permitir o recurso aos
"mercados de capitais internacionais da dívida soberana".
A dívida pública
angolana deverá ultrapassar este ano os 42 mil milhões de euros, equivalente a
35,5 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), quando em 2012 não chegava a
11%, segundo o Orçamento Geral do Estado (OGE) em vigor.
O Orçamento, em
que se previa a exportação do petróleo angolano a 81 dólares por barril, está
já em revisão, reduzindo essa previsão para 40 dólares, face à queda
generalizada na cotação internacional, que afecta a principal fonte de receitas
fiscais do Estado angolano.
Neste cenário, o
Governo poderá optar por aumentar o endividamento externo.
De acordo com o
OGE ainda em vigor, o 'stock' da dívida pública será agravado com um défice
estimado de 7,6 por cento nas contas públicas de 2015, apesar do crescimento
homólogo do PIB de 9,7%.
Neste cenário, o
défice do Estado deveria crescer 38 vezes, entre 2014 e 2015.
O 'stock' de
dívida pública angolana atingirá em 2015, na última previsão do Ministério das
Finanças, os 48,3 mil milhões de dólares (42 mil milhões de euros), o que corresponde
a 35,5% do PIB, entre dívida externa (24,5%) e dívida contraída internamente
(11%).
A dívida pública
angolana cifrava-se em 2012 em cerca de 24,8 mil milhões de dólares (21,8 mil
milhões de euros), representando então 10,9% do PIB nacional.
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