29 JANEIRO 2015
DECLARAÇÃO
POLITICA DA UNITA 29 DE JANEIRO DE 2015
Excelência
Senhor Presidente da Assembleia Nacional; Dignos Soberanos do Império Lunda;
Ilustres
Auxiliares do Titular do Poder Executivo; Caros Deputados;
Minhas
Senhoras e meus Senhores:
Estamos aqui hoje para, entre outros
assuntos, debatermos uma proposta de lei que nos é apresentada pelo Titular do
Poder Executivo sobre o Registo Eleitoral.
O Grupo
Parlamentar da UNITA solicitou a Sua Excelência o Senhor Presidente da
Assembleia Nacional a retirada desse ponto da agenda. E porquê?
A Constituição
estabeleceu, no seu artigo 107o, a Administração Eleitoral Independente, a quem
atribuiu, com exclusividade, todas as competências para a organização dos processos
eleitorais. E o registo eleitoral é, inequivocamente, parte integrante,
indissociável e até fundamental desses processos eleitorais. Deste modo, as
matérias ligadas ao Registo Eleitoral serão da competência não do Executivo mas
da Comissão Nacional Eleitoral, órgão administrativo que representa a
Administração Eleitoral Independente, não sabendo por que razão o Executivo
insiste em chamar a si responsabilidades e prerrogativas que não tem? Ou será intenção do proponente fazer desta
proposta de lei uma alteração da Constituição?
Além de estar
ferida de inconstitucionalidade, a proposta de lei ofende a Lei Orgânica Sobre
as Eleições Gerais, que concretiza o princípio constitucional da Administração
eleitoral independente; lei por via da qual o legislador ordinário ordenou a
transferência da custódia e da responsabilidade de gestão do “Ficheiro
Informático Central do Registo Eleitoral (FICRE) do Ministério da Administração
do Território para a CNE. Até agora, não fizeram isso porquê?
A presente
proposta de lei tem a veleidade de pretender transformar a Assembleia Nacional
em cúmplice do Executivo na prática de inconstitucionalidades e, quiçá, de
crimes eleitorais, porquanto pretende, entre outros:
a)conferir ao
Executivo a atribuição de realizar o registo eleitoral através das suas
Administrações municipais partidarizadas;
b) criar um
Ficheiro eleitoral que ninguém pode fiscalizar e mantê-lo sob a custódia de um
órgão constitucionalmente incompetente: o Executivo;
c)praticar a
discriminação, ofendendo o princípio da universalidade do sufrágio, ao insistir
em não permitir que os angolanos que residam no estrangeiro e não estejam
ligados ao Partido-Estado sejam registados e votem.
Senhor
Presidente; Senhores Deputados:
Esta proposta é,
por si só, suficiente para não permitir a organização de eleições livres e
justas, tornando ilegítimos e criminalmente puníveis a tomada e o exercício do
poder político.
Devo lembrar que
a generalidade da turbulência política que tem surgido nos países africanos
deve-se à falta de transparência, de lisura e à fraudulência nos processos
eleitorais. Foi assim na Guiné Bissau; em Moçambique, com a infelicidade do
breve retorno à guerra; na Costa do Marfim com o derrube do Presidente Laurent
Gbagbo; no Burkina Faso, com a aparatosa queda do Presidente Blaise Compaoré;
há dias mesmo, aqui na vizinha República Democrática do Congo, quando o Povo
obrigou o Presidente Kabila a recuar nas suas pretensões de se perpetuar no
poder, por via da violação da Constituição; prova de que quando o Povo decide
reclamar o que é seu, não há arma capaz de o deter. As engenharias eleitorais
são uma forma de intolerância política, reconhecida há dias por S. E. o Senhor
Presidente da República como sendo uma realidade no país que é preciso
combater. Estamos é à espera que o Chefe de Estado nos diga que passos
concretos vão ser dados para que isso se efective.
Senhor
Presidente; Senhores deputados:
Hoje, vamos falar
também da proposta de Lei das Instituições Financeiras, com o país a viver uma
crise que o Executivo diz “estar aí”, sem que ninguém diga como veio e de onde
veio; com os cidadãos a pagarem caro pela má gestão dos recursos de todos nós,
com escândalos financeiros que ninguém quer explicar.
O Grupo Parlamentar da
UNITA até tinha solicitado a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito
para que os angolanos saibam o que se passou com o já falecido Banco Espírito
Santo Angola, mas o poder instalado no país não aceita.
Vamos falar de
“Instituições Financeiras” num regime em que o Banco Central não tem
independência nenhumíssima, vergonhosamente submisso ao poder político. Como é
que os milhões de dólares não vão voar? E agora, nem para comprar fuba há
dinheiro!
Muito obrigado,
Senhor Presidente.
GRUPO
PARLAMENTAR DA UNITA, 29 DE JANEIRO DE 2015
Aucun commentaire:
Enregistrer un commentaire