Fonte : Unitaangola
U N I T A
SECRETARIADO GERAL DO PARTIDO
GABINETE DO SECRETÁRIO GERAL
CONFERÊNCIA DE IMPRENSA
Povo angolano
Senhores Jornalistas
A nossa bela Pátria – Mãe não é mais senão esta argamassa
que nos mantém de pé antes dos tempos, durante os tempos e na eternidade dos
tempos, que nos seus limites geográficos, coincide com o País – a nossa Angola
– Território onde nascemos, vivemos e onde nos podemos realizar. Não temos mais
um outro património comum senão Angola.
Sendo Angola a nossa Casa Mãe, todos os filhos têm a
obrigação patriótica de cuidá-la bem para uma convivência em harmonia na
relação Mãe –Filhos (e vice versa).
Porém, desde a longa noite colonial aos dias de hoje, a
nossa Mãe padece de uma doença prolongada, mas curável, o que exige de todos os
seus filhos uma quota parte para uma cura permanente.
Povo angolano
Caros Jornalistas
Tomamos a iniciativa deste encontro para serdes os porta –
vozes da denúncia de um plano macabro que pode adiar para um tempo
indeterminado o grande sonho de os angolanos viverem felizes num País que os
viu nascer.
Depois de uma democracia negada após o golpe de 25 de Abril
de 1974 resultante da revolução dos Cravos que derrubou o regime fascista de
Salazar, graças à entrega de patriotas abnegados, aos 31 de Maio de 1991 foram
assinados os Acordos de Bicesse que deram fim a uma República Popular e o
resgate de um Estado Democrático e de Direito – o regime da paz.
Porém, Angola ao longo dos seus 40 anos de existência, face
à sua fraqueza no que a cultura democrática diz respeito, os dirigentes do
partido que tem vindo a sustentar o governo têm-se posicionado na base da
cultura do medo, inventando teorias de Golpes de estado que ao fim e ao cabo se
têm constituído numa arma venenosa que por um lado dizima os seus melhores
filhos e por outro, faz perpetuar no poder um regime que apenas se serve da
riqueza de todos nós, ao invés de servir todos os filhos de Angola.
Vejamos a Cronologia dos supostos golpes:
? O 1º aos
27 de Maio de 1977 com um objectivo duplo: primeiro, impedir que Nito Alves e
seu grupo chegassem politicamente vivos e competitivos ao
I Congresso do MPLA
marcado para Dezembro do mesmo ano e disputassem a liderança do Partido e do
estado com o Presidente Agostinho Neto; segundo, eliminar fisicamente os
adversários políticos mais competitivos;
? O 2º foi
em 1986/87 quando o general Alexandre Rodrigues “Kito” Comandante Geral da
Policia de então criou uma Policia Especial e que depois de humilhado foi
destituído tendo-se, mais tarde, chegado a conclusão de que era falso;
? O 3º foi
em 1993 tendo-se acusado os Bakongo de golpistas, organizando-se delinquentes
que no Roque assassinaram angolanos dessa etnia – massacre conhecido como 6ª
Feira Sangrenta;
Esse massacre foi antecedido do de 1992 após o pleito
eleitoral em que os ovimbundo, na sua maioria conheceram o mesmo destino;
? O 4º
aconteceu em 2004/ 2005, tendo como alvo o General Fernando Miala vítima da investigação
dos desvios dos dinheiros da China que atingiria o topo do poder executivo,
culminando com a sua destituição do cargo na Segurança Externa;
? O 5º foi
aos 23 de Novembro de 2013 aquando da manifestação convocada pela UNITA para os
cidadãos repudiarem o assassínio de Alves Kamulingui e Isaias Kassule, à luz da
Constituição, o Comissário - Chefe Paulo de Almeida ignorou a Constituição e
considerou a manifestação de golpe, tendo sido apoiado pelo sr Bento Bento que
acusou a Comunidade Internacional de coluio num acto de massas na Cidadela. Feita a investigação, a DNIC apurou
cola e cartazes como material bélico para a materialização do aludido golpe!
? O 6º golpe de estado é o dos 15
jovens revolucionários mais um, concentrados em palestra a lerem um livro e que
o material bélico seriam os livros, computadores, telefones e esferográficas.
? O 7º golpe de estado é o traduzido
no forjado documento do GEPA que fazemos gentileza de fazer chegar aos caros
jornalistas, cujo detalhe desenvolvemos mais adiante pela importância que
encerra.
No seio
disso tudo, qual é a contradição principal?
A
contradição principal reside entre o sistema e o Povo.
A situação
económica e social do País devida às más políticas do partido que sustenta o
governo, traduzidas em assimetrias regionais em que invariavelmente em
políticas orçamentais 80% do bolo fica para a estrutura central e apenas 20%
para as dezoito Províncias; a perene aposta numa economia de enclave vendo, no
petróleo como única fonte de receitas para o crescimento económico; a baixa do
preço do barril de petróleo que agrava as más políticas económicas; a não
diversificação da economia em que o 2º sector económico mais importante do País
– o sector rural – é ignorado, passando Angola a importar do gindungo à fuba,
batata e arroz; a corrupção galopante; o roubo do erário público; o nepotismo,
entre outros, afiguram-se as razões mais marcantes da actualidade o que opõe o
regime vigente ao Povo angolano.
Esta é a Contradição principal.
Povo angolano
Prezados Jornalistas
Pretendendo enganar a opinião pública nacional e
internacional, o regime no poder tenta desviar as atenções ligadas à situação
que acabamos de radiografar, veiculando intrigas, culpabilizando a UNITA,
escudando-se em forjados golpes para uma Organização sem tropa, sem armas, sem
logística, sem território e que assumiu perante o povo a sua participação na
luta política na base da Força do Argumento enquanto o regime ainda se encontra
na lógica do Argumento da Força, num Estado Democrático e de Direito.
A Escola da UNITA ensina, nós aprendemos e assimilamos que o
estudo dos diferentes estádios da desigualdade do desenvolvimento das
contradições, o estudo da contradição principal, o estudo do aspecto principal
da contradição principal e o estudo das contradições secundárias, permitem-nos
detectar a estratégia e as tácticas do nosso adversário.
Caros Jornalistas
Vejamos a sequência das contradições:
- A responsabilização da UNITA quanto ao caso do Monte Sumi
quando o regime foi dando apoio à seita do sr José Kalupeteka, há 14 anos!
- O suposto
plano do GEPA, que esclarecemos logo a seguir, para derrubar o Presidente da
República!
- A detenção dos jovens Revolucionários que se têm envolvido
no exercício de cidadania à luz da Constituição, imputando-se toda a
responsabilidade à UNITA.
- Propaganda ensaiada em Laboratórios dos Serviços Secretos
apostando para um eventual “ressurgimento” do Dr Savimbi enganando os incautos
com fins por nós já descobertos!
- As intrigas apontadas para o reactivar da BRINDE quando a
UNITA, partido histórico e maduro que é, no âmbito de se informar para melhor
actuar no campo político e diplomático, criou um Gabinete de Estudos, Pesquisa
e Análise, denominado GEPA, ao nível das estruturas central e intermédias;
Povo angolano
Caros Jornalistas
Perante estes factos e pela sua sequência, podemos
desconfiar de que as informações que chegam ao conhecimento da UNITA sejam
verdadeiras e que há um plano tácito podendo ser materializado pelo regime, se
os angolanos se distraírem!
Se não, vejamos:
Há cerca de três meses, o Presidente da UNITA escreveu ao
Presidente da República, para denunciar a falsidade de um documento de autoria
atribuída aos serviços de
Segurança do Presidente da República, que imputava à UNITA a
intenção de atentar contra as instituições do Estado e tomar o poder politico
por métodos não previstos nem conformes com a Constituição.
Trata-se de um documento forjado, produzido pelos Serviços
de Inteligência do Presidente da República, mas atribuído ao Gabinete de
Estudos, Pesquisa e Análise da UNITA- GEPA.
Está rubricado com uma assinatura que desconhecemos e os
seus autores não identificam a pessoa que o assina.
Tenho aqui uma cópia desse documento (distribuir). O
Presidente Samakuva escreveu ao Senhor Presidente da República para repudiar o
objectivo velado de tal documento e garantir-lhe categoricamente que o
documento é absolutamente falso.
É falso no
seu conteúdo. É falso na sua autoria. É falso na origem que lhe é
atribuída. A redacção não é da UNITA. O método utilizado e os conteúdos do
documento não fazem parte do âmbito de actividades do GEPA, nem da sua cultura
técnica e administrativa.
Para enfatizar a falsidade do documento, está a inserção de
uma máxima que se alega ser de autoria do Dr Savimbi, cito “O MPLA só respeita
o som de uma metralhadora e, quando a pátria sangra todo o sacrifício é pouco”!
O Dr Savimbi nunca disse isso!
O objectivo dos agentes corruptos que forjaram o documento,
reside em extorquir dinheiro do OGE para fins financeiros, alegando que
precisam de milhões de dólares para abortar tais “planos da UNITA”!
Tudo indica que esse dinheiro ter-lhes-ia sido entregue.
Chegou também ao conhecimento da UNITA que, oficiais da Casa
Militar envolvidos nessa trama, estariam a ser abastecidos com informações
falsas por um ex - membro da UNITA filiado até 2012, depois tornou-se militante
de um outro partido e agora parece que o regime estará a financiá-lo para criar
um novo partido a fim de sustentar a fraude eleitoral que prepara para 2017.Os
autores dessa trama, escreveu o Presidente da UNITA, não parecem ter qualquer
pejo em desinformar o Chefe de Estado forjando um crime tão delicado como o
atentado à Segurança nacional, só para desviarem fundos públicos para
enriquecimento pessoal.
Infelizmente,
até hoje, não recebemos nenhuma resposta nem comentário do Sr Presidente. Só
que, nesse intervalo de tempo, surgiram outros dados, todos eles convergindo
num ponto: a intenção clara do regime de incriminar a UNITA em actos forjados
contra a alegada Segurança de Estado angolano.
Povo
angolano
Caros
Jornalistas
Para o
espanto da UNITA, não só o Sr Presidente da República não respondeu à carta,
como ainda foi enviado um deputado (o executivo a interferir no poder
legislativo) Bento Raimundo, da AJAPRAZ, a palmilhar o Centro do País
inoculando na mente dos menos avisados que a UNITA pretende fazer a guerra! Com
quem?
Como se não
bastasse, chegou ao nosso conhecimento que alguns antigos soldados e oficiais
das extintas forças militares da UNITA, muitos dos quais já desmobilizados,
estão a ser recrutados, fardados e equipados para desestabilizarem o país.
Esses
indivíduos estão a ser recrutados com base num mito segundo o qual o Dr. Jonas
Malheiro Savimbi não morreu nada! O mito que está sendo espalhado já há algum
tempo diz que o Dr. Savimbi está vivo e que em breve aparecerá para libertar os
angolanos da miséria, da corrupção e da má governação do MPLA.
Existe um plano bem urdido que utiliza este mito para
explorar a ignorância e o obscurantismo que ainda enfermam alguns sectores da
nossa sociedade, e, assim, seduzir os incautos a uma resposta à rebelião armada
e depois responsabilizar-se a UNITA por actos que atentem contra a segurança do
Estado.
Esse plano, ao que tudo indica, tem a mão da Direcção dos
Serviços da Contra Inteligência Militar e a chancela superior.
Com base no referido plano, foi constituída uma estrutura
militar clandestina, para organizar e dirigir uma acção de carácter militar
contra o regime do Presidente José Eduardo dos Santos cuja chefia e composição
estão devidamente identificadas.
Obtivemos elementos de prova desta cilada porque alguns
elementos recrutados participantes das reuniões, discordam do plano,
forneceram-nos gravações que nos permitiram analisar e cruzar informações, para
concluir que estamos perante uma cilada golpista forjada pelos serviços
dirigidos pelos próprios órgãos do Estado.
O mito que o Dr. Savimbi está vivo e prepara-se para voltar,
serve de isca para atrair os incautos cidadãos da UNITA que servirão apenas de
carne para canhão. O mito é aliado à crise social que o país vive e à má
governação do regime..
Os três factores – O Dr. Savimbi está vivo; O Sr. José
Eduardo dos Santos tem de sair; e a crise económica e social – são apresentados
como motivo para se organizar uma acção militar decisiva contra o regime.
Caros Jornalistas
Companheiros
No último debate havido na Assembleia Nacional reflectimos e
concluímos que há uma geração que não consegue promover a reconciliação
nacional. Os acordos, mais uma vez estão sendo violados.
Nunca é demais recordarmos hoje e aqui o documento datado de
28/12/2014, virado para as FAA afectando os quadros oriundos das ex-FALA que,
pela sua gravidade e pela materialização de intenções constantes do seu
conteúdo, voltamos a denunciar para melhor contribuirmos para o processo de
reconciliação nacional:
1- “Cessar
com qualquer acto (programas) que visa o cumprimento dos acordos entre o
Governo (MPLA) e a UNITA” (acabaram, de facto, com o mecanismo bilateral);
-“ O Memorando do Luena, complementar aos acordos de Lusaka,
terminou com a extinção do GURN em 2008 e tudo o que desde daí o governo vem
fazendo é favor, flexibilidade e gesto de boa vontade (característica e a
atitude do nosso partido – MPLA)”;
2- “Com
efeito, deve-se proceder um levantamento (registo) de todo o universo da UNITA
a todos os níveis, desde as FAA e PN, até às instituições civis e de base,
cumprindo com as seguintes medidas:
2.1- Proceder exonerações e calúnias susceptíveis a
processos criminais e judiciais;
2.2- Eliminar (acelerar) a morte destes, uma vez
hospitalizados, cuja acção deve ser executada por militantes profissionais de
cada instituição.
2.3- Todos os membros das ex-FMU integrados e patenteados
nos órgãos de defesa e segurança (FAA e PN), devem estar na condição de
oficiais a disposição para de forma legal abrangirem a reforma em curso nas FAA
(T/General Jorge Kokelo é exemplo desse plano).
- De recordar que a integração, a formação e a colocação em
funções destes efectivos, era de acordo com as vagas existentes naquela altura,
bem como os quarenta e cinco mil (45.000,00) indivíduos do pessoal
desmobilizado das ex-FMU, sendo objecto de reinserção sócio-profissional na
função pública (ver acordo de entendimento do Luena).
3- Evitar a todo o custo inclusive os seus descendentes,
ascenderem de patentes (funções) ou ocupar lugares de destaque (chefia).
Descrimina-los desde os concursos de acesso à função pública, fazendo triagem
na juventude (militantes) desde as suas origens políticas – partidárias”.
Povo angolano
Caros Jornalistas
Não fazemos acusações com pretensões de se criar tensões no
país. Estamos apenas a buscar entendimento.
Nada estamos a esconder, estamos a informar, de novo, o
próprio Presidente da República, para buscarmos diálogo.
Em Maio do
presente ano, especificamente dia 22, endereçamos um ofício ao Gabinete do Sr.
Secretário Geral do MPLA para discutirmos assuntos que afectam o nosso país,
pedindo um encontro. A resposta fez-nos crer haver intenções de se adiar
o encontro solicitado para as calendas gregas o que por métodos diplomáticos
significará, negar.
Povo angolano
Prezados Jornalistas
A UNITA por esforço próprio, no âmbito da correlação de
forças, apresenta-se muito forte na presente etapa.
Perante este facto e perante a crise social que afecta os
angolanos, em jeito de conclusão, os objectivos do regime resumem-se no
seguinte:
1º- Forjar um motivo para uma purga militar ou criminal
contra a Direcção da UNITA.
2º- Utilizar o golpe forjado como tubo de escape para a
crise política, económica e social que o país vive e, por via dele, fazer o
MPLA cerrar fileiras em torno do seu líder e, assim, esbater o elevado índice
de rejeição que enfrenta do povo;
3º- Promover
unidade no seio da Direcção do regime, para uma defesa colectiva perante um
eventual conflito armado;
4º- Inviabilizar o processo de estabilização interna da
UNITA processando criminalmente membros da sua Direcção.
Povo angolano
Apelamos à opinião pública nacional e internacional para a
importância deste assunto.
A UNITA já deu provas bastantes de que é pela democracia,
sinal de coerência aos princípios e valores que defende desde a sua fundação. A
UNITA não planeia nem pactua, activa ou passivamente, com actos que atentem
contra o regime democrático de que se bateu tenazmente durante 16 anos ou
contra a integridade das instituições democráticas do estado de direito.
Para nós, o
jogo político tem limites. Estes incluem os direitos naturais do homem, direito
positivo, a ética e a unidade nacional. Quando as circunstâncias políticas o
exigem, criticamos o executivo, denunciamos a corrupção, protestamos contra o
que julgamos ser políticas erradas, denunciamos o nepotismo e outros males de
governação, tudo no quadro do exercício do direito democrático de oposição.
Mas de modo algum e em circunstância alguma os planos e
estratégias da UNITA incluem actos como os simulados pelos serviços de
inteligência militar ou pela casa de segurança do Presidente da República e as
constantes e recentes acusações feitas por alguns dirigentes do MPLA.
A UNITA reitera ao povo angolano a sua convicção de que o
regime vigente perdeu o norte e não tem soluções para os graves problemas em
que mergulhou o país. Por isso, pretende mais uma vez atentar contra Angola e
contra a vontade soberana do seu povo através de planos e actos macabros,
típicos da escola bolchevista.
A UNITA reitera aos angolanos e ao mundo o seu compromisso
com o estado de direito, com o respeito pelos direitos humanos e pela vontade
soberana do povo angolano expressa em eleições livres e democráticas e o seu
compromisso com a democracia, que é o regime político da paz.
Luanda, 17 de Agosto de 2015
Muito Obrigado
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