Lusa 29 Dez,
2014
A Economist
Intelligence Unit considera que a descida nos preços do petróleo funciona como
incentivo à diversificação da economia de Angola, mas alerta que é preciso
evitar a realização de obras megalómanas que sejam `elefantes brancos`.
"Vai ser
necessário evitar projetos de prestígio, economicamente inviáveis (ou
`elefantes brancos`) e garantir a viabilidade a longo prazo dos projetos de
investimento", escrevem os analistas da EIU, a unidade de análise
económica da revista britânica The Economist, que tem assumido uma postura
bastante crítica sobre a falta de reformas institucionais e relativamente aos
constrangimentos ao ambiente propício aos negócios e aos investimentos em Angola.
Neste breve
relatório em que é analisada a influência de descida dos preços do petróleo no
objetivo de diversificação económica de Angola, a que a Lusa teve acesso, a EIU
escreve que "os preços baixos do petróleo estão a colocar cada vez mais
pressão na economia de Angola, tornando a meta de crescimento do Governo, de
9,7% para 2015, ainda mais desafiante".
Por outro lado,
sublinha que, ainda assim, "há bolsas de desenvolvimento na economia não
petrolífera, incluindo a manufatura, que representa menos de 10% do PIB mas
deverá expandir-se rapidamente".
No texto,
refere-se que a nova pauta aduaneira, que entrou em vigor este ano, teve como
efeito o estabelecimento de várias fábricas, principalmente com o objetivo de
evitar as importações - que ficaram, no geral, mais caras -, mas pode levar
também a acelerar a adesão à zona de comércio livre na Comunidade para o
Desenvolvimento da África Austral (SADC, no original em inglês).
"Há muitas
reservas sobre o sistema aduaneiro, altamente protecionista, porque mina a
competitividade e contribui para preços internos elevados; em parte por causa
disso, o Governo tem repetidamente adiado a sua entrada na zona de comércio
livre na SADC, por medo de ser invadido com bens importados mais baratos de
outros países como a África do Sul", lê-se na nota aos investidores.
O aumento da
produção nacional, por via da subida de novas fábricas, "pode levar as
autoridades a reconsiderarem a sua posição na SADC", conclui a EIU,
enfatizando que "se Angola conseguir melhorar o fornecimento de
eletricidade e cortar na burocracia, estaria numa forte posição para
desenvolver as exportações regionais, incluindo através das três novas linhas
ferroviárias que ligam grandes centros de produção aos portos atlânticos de
Luanda, Lobito e Namibe, e às fronteiras com a República Democrática do Congo,
Zâmbia e Namíbia".
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