21/1/2015, 17:52
Descida dos
preços do petróleo pode ser "favorável para Angola a médio prazo"
porque vai forçar uma aceleração da estratégia de diversificação da economia.
A descida dos preços do petróleo pode ser
“favorável para Angola a médio prazo” porque vai forçar uma aceleração da
estratégia de diversificação da economia, defende a unidade de Estudos
Económicos e Financeiros do BPI. Num relatório sobre a economia de Angola, o
primeiro deste ano, os analistas do BPI explicam que “a atual situação poderá
mesmo vir a revelar-se favorável para a economia angolana a médio prazo, na
medida em que, mais uma vez, se torna muito evidente a necessidade imperativa
de diversificação económica”.
No documento, de
24 páginas, a que a Lusa teve acesso, explica-se que a diminuição de cerca de
15% nas receitas do setor petrolífero em 2014 advém de dois fatores: a descida
na produção, registada durante o primeiro semestre, e a quebra dos preços,
verificada na segunda metade do ano.
Por um lado, “a
queda da produção terá afetado o desempenho das receitas (de exportação e
fiscais) durante a primeira metade do ano, por outro, a trajetória descendente
dos preços foi o principal fator a justificar a queda das receitas na segunda
metade do ano”, dizem os analistas.
“Durante a
primeira metade de 2014, a atividade petrolífera em Angola acabou por ficar
fortemente afetada pela paragem da produção em alguns poços petrolíferos para
trabalhos de reparação e manutenção, tendo a produção média diária caído para
uma média de 1,59 milhões de barris por dia (mbd) durante o primeiro semestre”,
lê-se no documento. “Na segunda metade do ano, a produção acelerou
consideravelmente para uma média de 1,7 mbd, sugerindo que os problemas
técnicos que estavam a condicionar a produção foram ultrapassados”,
acrescenta-se no documento.
Ainda assim, a
média diária do ano passado caiu para 1,65 mbd, “que compara com uma produção
média de 1,76 mbd em 2013, ficando também aquém da capacidade de produção de
1,87 mbd e do objetivo das autoridades de se aproximarem dos 2 mbd”, uma meta
inicialmente traçada para este ano, mas que já em 2014 foi oficialmente adiada
para 2017.
Em termos de
receitas fiscais, a quebra rondou os 15% no total do ano, o que pode ser
agravado com a possível decisão dos investidores de não apostarem mais no
petróleo angolano, que tem altos custos de exploração, apesar de nem sempre as
variações de preço determinarem as decisões de investimento.
Neste contexto,
advertem os analistas do BPI, “e apesar de as companhias petrolíferas
continuarem a mostrar-se bastante interessadas em explorarem as camadas
pré-sal, a viabilidade comercial de alguns projetos pode ficar ameaçada”, isto
apesar de se saber que, “para projetos desta natureza com um horizonte de
investimento de médio e longo prazo, estas variações nos preços poderão não ser
fator determinante para as decisões de investimento”.
Certo é que o
país está hoje “mais preparado do que antes, “nomeadamente no nível mais
elevado das reservas internacionais, criação do Fundo Soberano de Angola, nível
da inflação e a redução de subsídios aos combustíveis”, afirmam os analistas,
salientando que da parte das autoridades angolanas a resposta também está a
ser, nesta crise, mais positiva que na crise financeira do final da década
passada.
“A resposta das
autoridades tem sido também diferente em relação à postura de 2009, quando a
moeda registou praticamente estabilidade (câmbio ancorado face ao dólar até
outubro de 2009), refletindo-se no rápido esgotamento das reservas e
solicitação da linha de financiamento ao FMI”, lembra o BPI, concluindo que,
“em contraste, a atual situação tem vindo a ser acomodada com o deslize gradual
do câmbio, sinalizando uma resposta mais rápida que deverá minorar outras
consequências potencialmente mais adversas”.
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