JUNTOS POR UM PARLAMENTO DEMOCRÁTICO AO SERVIÇO DOS
ANGOLANOS
COMUNICADO FINAL
Os Deputados à Assembleia Nacional pelas Bancadas da UNITA,
CASA-CE, PRS e FNLA, realizaram em Luanda, nos dias 08 e 09 de Setembro de
2015, as Jornadas Parlamentares Conjuntas sob o Lema: “Juntos Por um Parlamento
Democrático ao Serviço dos Angolanos”.
Apesar da rejeição da cedência de uma das salas solicitadas
a presidência da Assembleia Nacional para a realização do presente evento, a
sessão de abertura foi honrada com a presença de destacadas figuras da
sociedade civil angolana, do mundo académico, entidades religiosas, corpo
diplomático acreditado no país e por dirigentes na oposição extra -
parlamentar, tendo feito uso da palavra, no acto de abertura, os Exmos Senhores
Presidentes da UNITA, CASA-CE, PRS E FNLA, designadamente, os Drs. Isaías
Henrique Ngola SAMAKUVA, Abel Epalanga CHIVUKUVUKU, Eduardo KWANGANA e Lucas
Mbengui NGONDA. Em suma, todos os intervenientes saudaram a brilhante
iniciativa e exprimiram votos de êxitos para as mesmas.
As jornadas Parlamentares conjuntas contaram com duas
mensagens de Partidos Políticos Extra-Parlamentares, proferidas pelos seus
líderes, nomeadamente o PDP-ANA e o Boco Democrático.
Durante os dois dias de trabalhos, foram dissertados e
debatidos os seguintes temas:
1º “Situação Económica e Financeira versus governação
Responsável e Transparente”, com os seguintes subtemas:
- Gestão do Erário Público;
- Crédito Chinês;
- Lei Geral
do Trabalho;
- Acesso ao
Primeiro Emprego e Salário Mínimo Nacional.
2º “O Processo Democrático Angolano – Avanços e Recuos
Subtemas:
- A Postura dos Órgãos de Comunicação Social
- O exercício do direito de ruenião e manifestação;
- O Acórdão
do Tribunal Constitucional relativo ao controlo e fiscalização do Parlamento
sobre o Executivo;
- Situação dos Direitos Humanos em Angola.
3º “Paz e Reconciliação Nacional”
Do conjunto das intervenções e opiniões recolhidas, as
Jornadas Parlamentares Conjuntas produziram as seguintes recomendações:
1 – A necessidade da unidade na acção (não necessariamente
aglutinação) das forças políticas na oposição, com vista à criação de uma nova
e positiva realidade política no País.
2 – A necessidade da concertação de ideias e vontades, entre
os Grupos Parlamentares na Oposição, na V Sessão Legislativa da III
Legislatura, com vista à dignificação do papel da Assembleia Nacional no País,
à criação de condições adequadas para a realização de eleições livres, justas,
inclusivas e transparentes em 2017, lembrando o adágio popular segundo o qual,
“Se quiseres andar depressa vá sozinho; se quiseres chegar longe vá
acompanhado”.
3 - Apelou ao reforço dos princípios da Reconciliação para a
concertação da Agenda de Consenso Nacional
4 – Lembrou que: Nos termos do artigo 4º da Constituição, o
exercício do poder político por via de práticas de suborno, peculato e
corrupção é tão ilegitimo e criminalmente punível quanto a tomada do poder
político por métodos não previstos pela Constituição da República.
5 - As Jornadas recomendam aos órgãos judiciais à instrução
de processos crime contra os gestores públicos que desviam os fundos do Erário
Público, e enveredem pelas práticas do peculato, corrupção e suborno que minam
a justiça e a coesão sociais.
6 - As Jornadas recomendam igualmente ao titular do Poder
Executivo para que preste um melhor esclarecimento a todos os cidadãos
angolanos, sobre as Relações China-Angola e os meandros do recente Crédito
Contraído.
7 - Sobre os Direitos Humanos em Angola, as Jornadas
reflectiram com preocupação a situação cada vez mais degradante dos DH em
termos de violações, prisões arbitrárias, execuções extra-judiciais.
8 - As Jornadas encorajam a juventude angolana sem excepção
na prossecução da luta pelos seus direitos inalienáveis e exigem a libertação
imediata e incondicional de todos os presos políticos.
9 - As Jornadas reflectiram profundamente sobre o papel da
Comunicação Social Pública que no seu desempenho tem manchado a consolidação do
processo democrático, tendo recomendado às direcções de tutela a pautarem por
princípios republicanos, da ética, igualdade de tratamento e a pluralidade,
circunscritos de entre outros nos artigos 17, 40, 44 e 45 da Constituição, como
um dos fundamentos da Unidade e Reconciliação Nacionais efectivas.
10 - As Jornadas reconhecem o engajamento eficaz dos
deputados da oposição nas várias frentes onde são chamados e ao mesmo tempo
recomendam a continuidade da mesma luta no resgate do direito de transmissão em
directo das plenárias e dos debates da Assembleia Nacional, e um tratamento
igual das matérias de todas as forças políticas, conforme emanam a Constituição
e a Lei.
11 – No
mesmo quadro e dada a sua pertinência, as Jornadas recomendam como uma das
medidas cautelares o Blackout a toda a Comunicação Social Pública, caso
prevalecer o comportamento vigente.
12- Sobre a
paz e a Reconciliação Nacional, as Jornadas Parlamentares Conjuntas recomendam
acatar os pressupostos vertidos na exposição de Sua Reverendíssima Dom
Francisco Viti, nomeadamente:
- Reconhecer o princípio de igualdade de todos como humanos;
- Cimentar
o primado do amor sobre o ódio;
- Cultivar
o diálogo, buscar a verdade e o respeito mútuo;
-
Reconhecer que a reconciliação é o retorno dos corações e o perdão recíproco
entre irmãos desavindos.
13 – No
quadro das futuras eleições gerais de 2017, as Jornadas recomendam a
necessidade de, entre outras modalidades possíveis, a CNE assegurar a contagem
manual dos votos.
14 – Lembra que: o imperativo que norteou a vontade da
realização destas Jornadas Parlamentares Conjuntas, deve servir de esteio para
um espaço e cruzamento de ideias e de diálogo, entre os Deputados e a Sociedade
Civil.
15 – As Jornadas Parlamentares Conjuntas fizeram lembrar
também que “Somos forças políticas partidárias distintas, mas isso não nos deve
dividir ao ponto de conflituarmos de forma irredutível. As nossas diferentes
perspectivas políticas não podem transformar-nos em inimigos. Temos a obrigação
de passar essa mensagem a nossa sociedade, dizer-lhe que partidos políticos
distintos não devem ser vistos como inimigos. O discurso político do ‘O inimigo’ deve
repousar no lixo da história”.
16 – As Jornadas,
no âmbito da realidade económica constrangedora que se vive em Angola,
recomenda a necessidade não só de se diversificar a economia, mas também de se
diversificar os parceiros económicos.
17 – As Jornadas Parlamentares advertiram a necessidade de se
precaver às consequências de mais uma Crise Económica.
18 – No quadro da sua Agenda de trabalhos, as Jornadas
Parlamentares Conjuntas desdobraram delegações que visitaram a Maternidade
Augusto Ngangula, a Penitenciária de Viana e as Instalações da Rádio Nacional e
Televisão Pública de Angola para constatar inloco as condições de trabalho e
deixar algumas recomendações como contribuição para melhorar a prestação de
serviço.
19 - As Jornadas Parlamentares Conjuntas concluíram na
necessidade de continuarem na conjugação de esforços concertados, sempre que o
interesse nacional estiver em causa.
20 – As Jornadas saúdam todos os que directa ou
indirectamente contribuíram para que este evento nacionalista decorresse com o
sucesso almejado, em particular os preletores que com a dissertação sapiente de
seus respectivos temas contribuíram para a harmonização e a elucidação do
actual contexto político, económico-social, nacional e internacional.
Luanda aos 09 de setembro de 2015
As Jornadas Parlamentares Conjuntas
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