Fonte: DEUTSCHE WELLE, 07SET2015, Online; U.R.L.:
http://www.dw.com/pt/
Vários jornalistas e activistas, reunidos ontem, na
Universidade de Witwatersrand, em Joanesburgo, África do Sul, num seminário sobre as
ameaças à liberdade de
expressão na África Austral, debateram as ameaças à
liberdade de expressão na África Austral e o uso do crime de difamação como
instrumento para silenciar a imprensa.
Para o investigador da Universidade de Cambridge, Justine
Pearce, as violações à liberdade de expressão são mais patentes em Angola do que em
Moçambique. "A liberdade de expressão tem um enquadramento legal mais forte
em Moçambique. Em Angola, a situação continua muito preocupante, com leis
muito fracas", afirmou.
Os participantes também discutiram o julgamento do
economista e professor universitário moçambicano, Carlos Nuno Castel-Branco,
acusado de atentado à segurança
do Estado, e do jornalista Fernando Mbanze, editor do jornal Mediafax, suspeito de abuso da liberdade de imprensa.
Em 2013,
Castel-Branco publicou em sua conta do Facebook uma crítica ao ex-Presidente Armando Guebuza, que foi reproduzida por Mbanze
na imprensa. Os jornalistas
foram julgados no tribunal de Maputo em 31AGO15 e a sentença será proferida a
16SET15.
Para o
jurista e jornalista moçambicano, Tomás Vieira Mário, o veredito será um teste para
a democracia. "Castel-Branco estava a exercer o direito fundamental de participação
política. Mas, por outro lado, há quem diga que ele cometeu um crime contra o Estado. Ora, são duas leis que se chocam
frontalmente", considerou. "Se prevalecer a acusação de que ele, criticando o Presidente,
cometeu um crime contra o
Estado, fica, então, ameaçada a liberdade de participação
política".
Vieira Mário refutou ainda uma ligação entre o assassinato
do jornalista Paulo Machava, editor do jornal electrónico Diário de Notícias, e
o caso Castel-Branco.
"Paulo Machava jamais esteve associado ao movimento em
prol de Castel-Branco", disse.
Por seu turno, o activista angolano Rafael Marques de
Morais, jornalista e defensor dos direitos humanos, argumentou que a ameaça à liberdade de
expressão começa com a limitação de acesso dos cidadãos à informação.
"Por isso, é necessário que falemos sobre esse tema em Angola para além do simples facto
de haver jornalistas a serem perseguidos pelo poder político ou não",
ressaltou.
Os especialistas apontaram Cabo Verde como o único país
lusófono em África que respeita a liberdade de expressão.
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