Luanda - Para além dos salários em atraso, a empresa passou
à reforma 103 trabalhadores com mais de 30 anos de efectividade. A direcção da
Empresa Nacional de Pontes (ENP) reconhece o problema e afirma que a solução
depende dos Ministérios da Construção e das Finanças.
Os funcionários que relataram o caso queixam-se também da
falta de cartões de segurança social, dos subsídios de férias, do subsídio de
Natal e de outras regalias.
Só em 2015, segundo o presidente da comissão sindical da
empresa, Mateus Alberto, não foram pagos 10 dos 19 meses em atraso. No total,
encontram-se nesta situação mais de 400 trabalhadores, muitos dos quais com
mais de 30 anos de serviço.
Apesar dos atrasos salariais registados em anos anteriores,
o sindicalista conta que no presente ano a situação chegou a extremo.
Os funcionários do Huambo, Huíla, Benguela e Moxico, onde a
ENP tem filiais, encontram-se na mesma situação. Mateus Alberto disse que a
direcção da empresa os tem informado que as facturas encontram-se pendentes nos
ministérios da Construção e das Finanças. Em consequência disso, os
trabalhadores queixam-se de vários problemas que enfrentam para gerir as suas
famílias. Frederico Filipe, por exemplo, que trabalha na ENP há 10 anos, diz
que a mulher o abandonou e rumou para sua terra natal a fim de se dedicar ao
cultivo no campo.
Além de ter perdido a mulher, Frederico alega que teve que
tirar os filhos do colégio em que estavam matriculados por não ter capacidade para
pagar as propinas e outras obrigações.
A fonte disse não compreender a razão da empresa não ter
capacidade de pagar os trabalhadores apesar de estar a produzir. Apontou como
exemplo as seis pontes feitas em Luanda só no presente ano. Para ele, a solução
passa pela responsabilização dos responsáveis da empresa.
‘O problema não é da direcção’
Contactado, o director geral da ENP, José Henrique,
confirmou os atrasos salariais desde Abril do ano em curso, acrescentado que o
resto das dívidas a sua direcção herdou da gestão anterior.
O responsável adiantou que o problema é do conhecimento dos
ministérios da Construção e das Finanças, em que aos quais a ENP deu entrada
das ordens de saque para o pagamento aos funcionários, mas que até ao momento
‘as facturas continuam congeladas’.
Por outro lado, atribui o mau momento que a empresa
atravessa, no actual contexto económico que o país atravessa e a escassez de
obras.
Quanto aos 103 trabalhadores em situação de reforma, José
Henrique disse que a mesma deve-se ao facto dos cofres da empresa estarem sem
dinheiro, mas ainda assim “negociações estão a ser feitas junto ao Instituto
Nacional de Segurança Social e do Ministério da Economia” para solucionar o
problema. No entanto, disse desconhecer a data exacta para o pagamento dos
salários assim como a resolução de todos os problemas que a empresa atravessa.
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