Por A. Epesse
Para o povo não ser informado ou esclarecido com verdade
sobre tudo o que acontece no seu próprio país todos os dias, José Eduardo dos
Santos começou por não permitir que algumas rádios particulares emitissem ou
retransmitissem o seu sinal em ondas curtas, único meio que permitiria que as
mesmas tivessem uma cobertura nacional.
Mas, em vez disso, conferiu tal capacidade a Emissora
Nacional e a TPA (Televisão Popular de Angola), dois meios de comunicação
afectos ao MPLA que, por não dizerem nada de importante porque limitam-se a
desbobinar as mesmas cassetes anos a fio sobre o Luena e a sua maquete da
futura assembleia provincial, Benguela e os seus quilómetros de estradas
asfaltadas mas que já se encontram esburacadas, etc., etc., o povo já não os
considera como apetecíveis, preferindo escutar e ver as emissoras da rádio e da
televisão estrangeiras.
Continuando com a sua sanha de controlar a informação em
Angola, José Eduardo dos santos lançou-se contra os órgãos de comunicação
privados, e alguns dos seus colaboradores tem procurado constantemente
neutraliza-los, impedindo as vezes a publicação dos referidos jornais
especialmente quando os referidos títulos não forem do seu agrado e, no caso
extremo, comprando o próprio jornal.
Agora, quer controlar a internet. Afinal o que é que o Senhor
presidente José Eduardo dos Santos pensa e quer dos Angolanos? Vê-os como
autênticos bois amarrados a uma canga do seu poder sem direito de reclamar?
Pelos vistos, José Eduardo dos Santos não deve saber nada
disso, nem mesmo o que isso significa porque, ao longo dos quase 37 anos do seu
consulado, ele nunca foi eleito e, por isso, nessa condição, ele sente-se
completamente fora de qualquer compromisso que pudesse resultar do voto que lhe
tivesse sido conferido pelo povo.
É assim porque, para evitar que fosse sujeito a um
escrutínio popular para ser votado, correndo o risco de ser derrota nas urnas,
influenciou a alteração da constituição em 2011, e como a lei por ele
introduzida na constituição diz que o presidente é o primeiro candidato na
lista do partido vencedor, a partir daqui, o que passou a ser votado é o
MPLA/Partido e não o José Eduardo dos Santos que, para se fazer presidente
limitou-se apanhar a boleia que queria do partido.
Ora, um homem assim, nunca pode ter a obrigação de honrar o
que quer que seja, porque nunca foi escolhido através do voto popular - daí o
modo mais hediondo alguma vez visto, como ele tem tratado a questão angolana;
na verdade se José Eduardo dos Santos tivesse sido eleito através de um voto
popular, saberia minimamente que, quem elege, tem direitos e faz exigências, e
quem é eleito, tem deveres e obrigações a cumprir, prestando contas perante o
seu eleitorado, e deve mentalizar-se que, estará sempre sujeito a críticas e
insultos e, se for preciso, até mesmo ser afastado do poder porque é assim que
funciona a democracia em todo o mundo.
Eu não percebo para quê tantas manobras despiciendas para
fazer calar os angolanos, sabendo muito bem que isso é completamente impossível
dadas as actuais circunstâncias do país e a nova mentalidade do povo angolano,
sem esquecer os valores geoestratégicos do mundo em que Angola se encontra
inserido.
Para quê alimentar e acicatar os ódios do pacífico povo de
angolano se nada é eterno neste mundo?
Os impérios terminaram e os que recentemente tentaram
seguir-lhes os passos e procuraram perpetuar-se no poder, muitas vezes acabaram
mal, arrastando para a miséria e para a indigência até os membros das suas
próprias famílias que, em muitos casos, não tinham nada a ver com a ganância
dos pais que sempre diziam: “l’état c’est moi”!
Será que alguma vez o povo angolano irá calar-se perante a
corrupção exacerbada que desgraça o país, sabendo que o dinheiro do país é
utilizado todos os dias para comprar empresas, imóveis, bancos, quintas etc.
etc. no mundo inteiro? Será que o povo angolano alguma vez poderá calar-se
vendo que o brilho da cidade alta contrasta com o lixo que, as vezes, impede
até o próprio comboio da Capital a circular?
E as estradas esburacadas do país, a falta de água e luz nas
cidades principais do país especialmente na capital Luanda, a subida exagerada
de preços dos alimentos e dos combustíveis num país que produz petróleo quando
combinada com o recente anúncio do segundo corte nas importações de muitos
produtos, situação que vai encarecer ainda mais os poucos produtos que
existirem no mercado face aos magros salários dos trabalhadores, e sem falarmos
em milhões de angolanos que não têm empregos - será que perante tudo isso o
povo será obrigado a ficar calado?
É bom que em Angola todos os governantes comecem também a
criar o hábito de autocensura ou autocritica e não de intocáveis, a ponto de
não aceitarem criticas pelas maldades que causam ao país porque, se for este o
caso, o melhor que qualquer um deles tem a fazer é demitir-se em vez de se
armar em ditador, procurando fechar os caminhos que conduzem a paz, liberdade e
bem-estar do povo porque, para além de ser um caminho muito perigoso que seria
para Angola, seria também totalmente impossível de se concretizar porque,
governar as pessoas não é o mesmo que comandar uma manada de bois com um
chicote.
Em Angola cada Governante tem um nome e deverá ser por esse
nome que será chamado a razão, não importa que seja num jornal, na rádio, na
televisão ou na internet, etc. etc.. mas será chamado ou falado e ninguém
poderá impedir isso nem mesmo o Senhor Presidente José Eduardo dos Santos.
Portanto, quem não quiser ver o seu nome nessas condições
que passe a governar bem ou se demita das suas funções porque, neste caso, não
faria falta.
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