Fonte : Unitaangola
SEMINÁRIO METODOLÓGICO
PARA A MUDANÇA EM 2017
21 de Janeiro de 2016
Presidente Isaías Samakuva
Prezados companheiros da Direcção da UNITA
Minhas senhoras e meus senhores
O XII Congresso do nosso Partido adoptou resoluções
importantes sobre a forma como a UNITA se deve organizar para tirar o país da
crise em que se encontra e viabilizar uma mudança pacífica que garanta a
unidade nacional e a estabilidade política e económica do país.
Tais resoluções do nosso XII Congresso são de extrema
importância para o país, porque:
? Criou-se
um fosso evidente, profundo e duradouro entre o Executivo e a colectividade,
que se manifesta na contestação generalizada do Executivo e na incapacidade
deste manter a paz social senão através de um bloqueio ao pluralismo de
expressão, à liberdade de imprensa e também através de medidas violentas ou
subtis de repressão.
? Verifica-se,
portanto, um quadro de deslealdade institucional para com o soberano da
República.
? Tal quadro agravou-se recentemente
com o silêncio do Titular do Executivo face ao paradeiro do dinheiro do
petróleo que ficou sob sua guarda quando o preço do petróleo estava em alta.
? Como já o
afirmamos várias vezes, de 2011 a 2014, foram colocados à guarda do Senhor
Presidente da República cerca de $130 mil milhões de dólares. Repito, 130 mil
milhões de dólares, sendo $93 mil milhões relativos à Reserva Estratégica
Financeira Petrolífera para Infraestruturas de Base e $37 mil milhões do Fundo
do Diferencial do Preço do Petróleo.
? O país
vive uma situação de crise financeira, porque o Administrador desse nosso
dinheiro, o Senhor Presidente da República, não informa aos angolanos onde está
o nosso dinheiro! Ainda existe ou não? Está no país? Ninguém sabe. Está no
estrangeiro? Em que países? E em nome de quem?
? Por outro
lado, a experiência da excessiva concentração de poderes num só órgão de
soberania revelou-se negativa, retrógrada e contraproducente, porque atrofiou a
democracia, contribuiu para a crise financeira e fez o país regredir.
? O país
vive, por isso, uma situação de emergência nacional, que reclama a intervenção
sábia, madura e desapaixonada das lideranças políticas e sociais para que a
Nação possa alcançar um compromisso de Salvação Nacional.
Como resultado de cerca de quatro meses de debates intensos,
o XII Congresso do nosso Partido estabeleceu objectivos mensuráveis para a
mudança e aprovou algumas estratégias para o seu alcance a curto e médio
prazos.
Chegou o momento de materializar estas estratégias.
Definimos a estrutura da máquina partidária e nomeamos os quadros. Falta-nos
ainda preencher uns poucos lugares e ajustar ao momento as estruturas
provinciais, mas estamos em condições de passar para a fase seguinte. Agora,
urge transmitir orientações específicas sobre como vamos trabalhar. Urge
motivar os quadros, galvanizar o partido e sincronizar a equipa que vai
mobilizar a cidadania para a mudança. Este é, em síntese, o grande objectivo
deste Seminário.
O Seminário decorre sob o lema : Preparar a UNITA Para a
Vitória em 2017. Esta actividade conta com a participação de cerca de cem
dirigentes e quadros do Executivo do Partido e será encerrada na próxima
segunda-feira. É um Seminário metodológico que será repetido em breve para o
benefício de outros quadros.
Prezados companheiros:
Os partidos políticos ocupam um lugar de grande relevo no
sistema constitucional-democrático da Constituição da República de Angola.
Depois de, em sede de princípios fundamentais, reconhecer os
partidos políticos como elementos necessários para a organização e expressão da
vontade popular (Artigo 17) e de, em sede de direitos fundamentais, ter
consagrado o direito de constituição e de participação em partidos políticos
como um dos direitos, liberdades e garantias de participação política, a
Constituição reafirma em sede de organização do poder político, a função
democrática dos partidos políticos, legitimando a sua participação.
A função democrática constitucionalmente atribuída aos
partidos políticos – participação nos órgãos baseados no sufrágio universal e
directo - é, em primeiro lugar, uma função de mediação. O poder político
pertence ao povo, mas como não pode ser directamente por ele exercido,
atribui-se aos partidos o papel mediador, de formação e canalização da vontade
popular.
E qual é a vontade popular neste momento?
A vontade popular neste momento não é a mesma vontade de
2003, 2008 ou mesmo de 2012. Se em 2003 as pessoas ainda tinham dúvidas se a
paz veio ou não para ficar, hoje já não têm. Se em 2008 as pessoas ainda tinham
algumas dúvidas sobre onde fica a sede da corrupção em Angola, hoje já não têm.
Se em 2012 as pessoas ainda acreditavam que os principais governantes do país
tinham Angola no coração, hoje a maioria está convencida que os principais
governantes têm Angola nos seus bolsos e governam para os seus bolsos. Sabem
perfeitamente que é por isso que não há oxigénio nem máquinas de raio x
funcionais nos Hospitais, não há merenda escolar para as crianças e não há
dinheiro nos cofres do Estado para pagar as empresas.
A vontade popular neste momento é aprofundar o diálogo
nacional para uma mudança pacífica. Não só entre a classe política, mas também
entre os agentes económicos, as associações, os mais velhos e outras
lideranças, visando o resgaste do futuro. Neste momento a vontade de uma
significativa porção de angolanos é dar uma oportunidade à UNITA.
Vamos, por isso, privilegiar o exercício da função de
mediação adaptando os conteúdos do exercício do direito de oposição democrática
ao imperativo nacional da construção de amplos consensos para a construção do
futuro inclusivo. O país está
doente. Um tratamento de choque pode ser fatal para o corpo debilitado e
canceroso do país doente. Vamos por isso privilegiar a função de mediação.
Mediar
entre a vontade popular e os detentores do poder. Mediar entre os que têm tudo
e os que que não têm nada. Mediar entre a instabilidade latente e a
estabilidade desejada, entre a desconfiança de alguns e a segurança para todos.
Vamos preparar o nosso Partido para construir pontes seguras
que permitam os angolanos todos atravessar ilesos e com confiança tanto os
precipícios do revanchismo como os das desigualdades, do medo, dos rancores e
dos preconceitos.
Faltam 18
meses para o fim da legislatura. Já fizemos oposição suficiente. O momento
agora é de construção do futuro e não de culpabilização do passado ou do
presente.
Nestas ocasiões de emergência, é um dever fundamental da
mediação lutar pela melhor solução, pela solução que traga uma esperança mais
forte aos Angolanos, apelando ao sentido de responsabilidade dos agentes
políticos e a que coloquem o superior interesse nacional acima dos interesses
patrimoniais, de grupo ou de classe.
Como os cidadãos se encontram agora mais conscientes da
necessidade de se MUDAR o rumo que o país está a trilhar, é nossa convicção que
o diálogo deve ser aprofundado.
Durante o seminário, vamos transmitir orientações
específicas para o funcionamento eficaz da nossa máquina partidária que inclui
o Governo sombra e vamos ensaiar os novos conteúdos do exercício da função
mediação para esta fase de mobilização geral do país para a mudança de regime.
Vamos introduzir neste seminário os parâmetros da nova
cultura de intervenção política e de gestão administrativa que presidirá a
actividade do nosso Partido junto dos cidadãos. O seminário constitui assim o primeiro passo
prático no processo de preparação da UNITA para disputar a vitória em 2017.
Estamos
convencidos que o aprofundamento do diálogo nacional, o enraizamento da cultura
da tolerância e o respeito pelo pluralismo conduzirão os angolanos à
instauração efectiva da democracia em Angola, à concretização da genuína
reconciliação nacional e ao desenvolvimento do país.
Estamos
igualmente convencidos que este diálogo estruturado e sem formalismos
constituirá a base para a feitura do Novo Contrato Social Angolano e para a
plena realização dos objectivos e aspirações da nacionalidade angolana.
Aproveito reafirmar mais uma vez à todos os angolanos que
anseiam a mudança que a UNITA solidariza-se convosco. A UNITA reafirma o seu
compromisso de agir como o estuário generoso de uma grande frente política
democrática para a mudança estável de Angola. Uma frente aberta e pronta para
congregar religiosos, democratas e nacionalistas de todas as matizes políticas,
sinceramente dedicados à causa do povo e à construção de um futuro melhor para
todos.
Declaro
aberto o I Seminário Metodológico Para a Mudança em 2017.
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