24 junho 2015
Lisboa - A onda de repressão iniciada com as detenções do
passado fim-de-semana em Luanda está a inquietar activistas e organizações de
direitos humanos, mais do que no passado, quando jovens eram levados em
manifestações de protesto e mantidos sob custódia policial durante dias, ou
mesmo semanas, e sofriam actos de tortura.
Fonte: Publico
Aconteceu várias vezes entre 2011 e 2013 em iniciativas
pacíficas contra o Governo liderado pelo Presidente José Eduardo dos Santos.
“Agora, a repressão está a chegar a um nível diferente”, diz Lisa Rimli, que
foi até 2013 investigadora da organização Human Rights Watch (HRW) para Angola,
país que continua a acompanhar como investigadora independente.
Também a Associação Justiça, Paz e Democracia (AJPD),
presidida por Lúcia da Silveira, em Angola, denuncia uma situação em que os
agentes da Polícia e dos Serviços de Informação e Segurança do Estado
“continuam a vigiar e fazer buscas e apreensões” de jovens do movimento
revolucionário, já depois do fim-de-semana quando foram detidos vários jovens
numa casa de Luanda. Contactada por telefone, a activista responde através de
um comunicado em forma de alerta lançado na segunda-feira.
E o que diz é que a operação foi levada a cabo pela Polícia
Nacional e por elementos afectos aos Serviços de Inteligência e Segurança de
Estado de uma forma que viola a Constituição, leis relativas à prisão
preventiva e buscas domiciliárias e tratados internacionais de direitos humanos
ratificados por Luanda; que os jovens detidos no fim-de-semana "sofreram
torturas físicas e psicológicas e foram ameaçados de morte”; e que outros estão
desaparecidos. O alerta é lançado à sociedade angolana e aos países com
representação diplomática em Luanda, como Portugal.
Os jovens foram detidos na residência de um deles no dia 20
de Junho, durante um encontro de reflexão pacífica sobre a situação dos
direitos humanos e a governação. E como no início da semana também esta
terça-feira continua a pôr-se a hipótese de haver 20 pessoas detidas – mais do
que os 13 confirmados – porque alguns jovens não voltaram a ser vistos desde
sábado. Entre os 13 presos confirmados pelo Grupo de Apoio aos Presos Políticos
Angolanos (GAPPA) e pela AJPD, apenas três foram localizadas na 29ª Esquadra,
em Luanda: o rapper Luaty Beirão (Ikonoklasta), Manuel Nito Alves e Nuno Dala.
A Polícia não presta informação.
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