Lusa
A União Nacional para a Independência Total de Angola
(UNITA) louvou hoje a posição assumida pelas Nações Unidas ao pedirem um
inquérito independente às mortes de fiéis de uma seita e polícias, registadas
na província angolana do Huambo.
A posição foi manifestada em conferência de imprensa pelo
líder da bancada parlamentar da UNITA, Raul Danda, num balanço do recente
périplo pelos Estados Unidos, Portugal, Espanha, Bélgica e França, utilizado
para exortar a comunidade internacional a apoiar a iniciativa das Nações
Unidas, para "apurar a verdade dos factos".
O Governo angolano já recusou a realização deste inquérito,
por entender tratar-se de uma ingerência e porque o caso está em investigação.
Em causa está a morte de 13 civis, fiéis da igreja "A
Luz do Mundo", e de nove polícias, ao entrarem em confronto, a 16 de
abril, na captura do líder daquela seita ilegal, caso que foi abordado nos
vários encontros da delegação do maior partido da oposição angolana, que
denunciou anteriormente a existência de 1.080 mortos, acusação negada pelo
Governo.
"Dissemos não acreditar numa pseudo-investigação
realizada pelo Procurador-Geral da República, que é membro do MPLA (partido no poder),
que foi nomeado pelo Presidente (José) Eduardo dos Santos e que segue
estritamente as suas ordens, para além de nem acreditarmos que tal investigação
alguma vez tivesse iniciado", referiu Raul Danda.
Acrescentou que o pedido de inquérito parlamentar solicitado
à Assembleia Nacional pela bancada parlamentar da UNITA "jaz ainda hoje
numa gaveta qualquer", quando "devia ter merecido tratamento
imediato".
Nos países visitados, de acordo com Raul Danda, a delegação
mostrou que "Angola é um verdadeiro barril de pólvora que pode explodir a
qualquer momento, e que se isso não aconteceu até agora é porque a UNITA tem
estado a jogar um papel de contenção".
"Falámos da instabilidade dos processos eleitorais em
Angola, onde, para cada eleição, há uma nova lei do registo eleitoral, um novo
registo eleitoral e uma nova lei eleitoral", sublinhou.
Na sua passagem por Portugal, a delegação trabalhou com o
Conselho Português para os Refugiados, onde deixou uma mensagem para o Alto
Comissário das Nações Unidas para os Refugiados, o Ministério dos Negócios
Estrangeiros, a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), os grupos
parlamentares do PS, PSD e CDS-PP, bem como a com a Comissão de Negócios
Estrangeiros e Comunidades Portuguesas.
"Com o grupo parlamentar do PS, a delegação parlamentar
da UNITA iniciou contactos que irão culminar, brevemente, numa parceria entre
os dois grupos parlamentares em vários domínios de cooperação", frisou.
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