O presidente da
UNITA, Isaías Samakuva, disse hoje que o Ministério do Interior angolano já tem
todas as informações sobre os incidentes com militantes e deputados do partido
em Benguela, com três mortos, aguardando que as conclusões sejam divulgadas.
O líder do maior
partido da oposição angolana falava após reunir-se em Luanda com o ministro do
Interior, Ângelo da Veiga Tavares, para abordar as "debilidades" que
o partido detetou nas visitas às cadeias da capital, tendo exposto igualmente
as preocupações com os confrontos de Capupa, em Benguela, na noite de 26 de
maio, alvo de um inquérito.
"O senhor
ministro disse-nos que já tem o inquérito praticamente feito, não nos revelou
quais sãos os resultados, prometeu fazê-lo. Mas disse que já tem os dados que
lhe permitem ter uma ideia concreta do que se passou", afirmou aos
jornalistas Isaías Samakuva, presidente da União Nacional para a Independência
Total de Angola (UNITA).
O Ministério do
Interior angolano confirmou a 27 de maio a existência de três mortos em
resultado dos confrontos no dia anterior, em Benguela, envolvendo elementos da
UNITA, incluindo deputados, que dizem ter sido atacados por apoiantes do
Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), partido no poder.
Em comunicado, a
delegação provincial de Benguela do Ministério do Interior confirmou na altura
três mortos entre civis, quatro desaparecidos e três feridos, um dos quais um agente
da Polícia Nacional.
Na origem do
caso, referia o comunicado, terá estado a presença de uma delegação de
deputados e apoiantes da UNITA no município do Cubal, que chegaram à comuna de
Capupa "sem comunicação prévia às autoridades locais".
"Terá havido
desentendimentos e rixas entre membros da delegação e a população", lê-se
no comunicado, que foi assinado pelo delegado provincial do Ministério do
Interior, comissário Simão Queta.
Após esta reunião
com o presidente da UNITA, o ministro do Interior não prestou declarações,
sabendo-se apenas, conforme anunciado logo após estes incidentes - com
militantes locais daquele partido a queixarem-se ainda de
"perseguição" -, da abertura de um inquérito oficial aos
acontecimentos de Capupa.
"Onde,
segundo as nossas informações, as populações ainda se encontram fora das suas
aldeias, das suas casas, e lamentam porque, na sua maneira de ver, não tem
havido intervenção das autoridades competentes. O senhor ministro disse-nos que
estava tudo a ser feito no sentido de se normalizar a situação", afirmou
ainda Samakuva.
A UNITA já
anunciou que vai pedir uma comissão de inquérito urgente aos incidentes
ocorridos, que envolveram ainda ameaças a três deputados do maior partido da
oposição angolana.
A informação foi
avançada na altura por Adalberto da Costa Júnior, um dos três deputados que,
segundo o próprio relatou à Lusa, terão sido alvo, juntamente com outros
militantes, de "emboscadas" e "ataques" alegadamente
perpetradas por "apoiantes" do MPLA, no poder, durante a visita de
trabalho.
Os ataques à
comitiva e militantes da UNITA, disse ainda o deputado, um dos visados, terão
envolvido, além de agressões e destruição de casas e viaturas de apoiantes do
partido do "galo negro" durante o dia, "várias emboscadas num
perímetro de oito a dez quilómetros". Inclusive com "árvores cortadas
no meio da estrada para parar as viaturas" e a utilização de flechas,
porretes, catanas e paus.
A UNITA associa
"sem dúvidas" o ataque a apoiantes do MPLA, nomeadamente pela
utilização de bandeiras daquele partido e pelo historial deste tipo de ações.
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