22.06.2016
Orlando Figueira,
ex-procurador do Departamento Central de Investigação e Ação Penal, terá
recebido 200 mil euros de uma empresa alegadamente controlada pela Sonagal, no
dia em que arquivou um inquérito-crime em que o vice-presidente angolano Manuel
Vicente era suspeito
Marta Gonçalves.
Orlando Figueira,
suspeito de ter favorecido Manuel Vicente - ex-presidente da Sonagol e atual
vice-presidente de Angola -, vai permanecer em prisão preventiva mas em casa,
com pulseira eletrónica. Esta quarta-feira, o Tribunal da Relação de Lisboa
decidiu atenuar a medida de coação ao ex-procurador do Departamento Central de
Investigação e Ação Penal (DCIAP), que é arguido na Operação Fizz.
Figueira terá
recebido 200 mil euros de uma empresa alegadamente controlada pela Sonagal no
dia em que arquivou um inquérito-crime, em que Manuel Vicente era suspeito de
branqueamento de capitais. Estava em causa a origem de 3,8 milhões de euros que
o governante angolano usou para comprar um apartamento de luxo no condomínio
Estoril-Sol Residence.
Na altura do
arquivamento do processo, o atual vice de Angola era presidente da Sonagol.
É a primeira vez
que um procurador do DCIAP, o departamento do Ministério Público que investiga
os crimes mais complexos, é preso sob suspeita de corrupção. É também a
primeira vez que um dirigente angolano é investigado em Portugal por corrupção.
No começo deste
ano, uma denúncia anónima desencadeou a Operação Fizz. Orlando Figueira é
suspeito da “prática dos crimes de corrupção passiva na forma agravada,
corrupção ativa na forma agravada, branqueamento de capitais e falsidade
informática”.
O antigo
procurador do DCIAP foi detido a 22 de fevereiro. Após o interrogatório, a
juíza de Instrução Criminal do Tribunal de Lisboa, Antónia Andrade, decidiu que
Orlando Figueira ia para a cadeia, onde ficou em prisão preventiva.
Orlando Figueira
abandonou o DCIAP em 2012, após alguma polémica. Foi magistrado durante mais de
20 anos e há quatro anos pediu uma licença de longa duração para ir trabalhar
para o BCP, cujo maior acionista era a Sonangol.
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