25/04/15 Fonte:Unitaangola
Declarações do Deputado Raul Danda na tarde desta
sexta-feira, a partir da Caala.
“Nós viemos na
manhã de hoje aqui a Caala para podermos compreender como é que está a situação,
falarmos com o administrador municipal e irmos até ao local onde as coisas
terão acontecido. No monte Sumi, depois também vermos algumas aldeias onde há
relatos, por parte das populações, segundo as quais terão sido mortos civis.
Nós terminamos o
encontro pouco depois das 13 horas e agora quando são 16 horas e quase 30
minutos, portanto, 3 horas depois, nós ficamos à espera que o senhor
administrador municipal pudesse entrar em contacto com o governo provincial
para saber se nós teríamos ou não autorização para irmos até ao local.
Achamos estranho
porque, não é por ser Deputado, mas qualquer cidadão não precisaria de
autorização para ir a este ou aquele local. Há livre circulação de cidadãos.
Mas a verdade que tem que ser realçada é que, se por um lado, está ser impedido
aos Deputados do Grupo Parlamentar da UNITA irem para o local, também o governo
provincial do Huambo diz descartar-se de toda responsabilidade, relativamente à
qualquer coisa que possa ocorrer, caso os Deputados insistam em ir para lá.
Ontem o senhor
governador provincial garantiu que nós teríamos livre acesso, para irmos onde
quiséssemos. O senhor governador Kundi Paihama disse, inclusive, que
ser-nos-iam dadas forças para poderem nos acompanhar, por uma questão de
garantir segurança aos deputados. Nós, desde logo vimos que há qualquer coisa
que não está bem. É que se por um lado, há relatos de que apenas morreram 13
civis, por outro lado, nós temos estado a recolher relatos por partes das
populações, por parte de algumas pessoas que conseguiram escapar do massacre,
porque houve de facto o massacre e este comportamento prova ter havido o
massacre e sabíamos que havia impedimentos.
Hoje de manhã nós
falamos com o senhor procurador provincial do Huambo para podermos ter acesso,
conversamos, visitarmos e conversamos um bocadinho com o senhor Kalupeteka. O
senhor procurador disse me a mim, ao telefone que o senhor Kalupeteka estava
preso aqui no Huambo e que podia receber a visita de familiares próximos, mas
que a ideia, a vontade, a intenção dos Deputados de visitar o senhor
Kalupeteka, se podiam concretizar em momento posterior sem dizer quando. Porque
é que os Deputados não podem falar com ele? A gente sabe que o senhor
Kalupeteka, antes de ser julgado, antes de ser condenado por um tribunal, por
um juíz tem de haver presunção de inocência.
Depois dessas
histórias contraditórias que foram sendo contadas, depois de ouvirmos que havia
um arsenal, por parte dos civis e dos seguidores do senhor Kalupeteka e de
termos ouvido, primeiro da boca do senhor secretário do estado Laborinho que
havia afinal três armas, depois de ouvirmos hoje, esta manhã, da boca do senhor
administrador municipal aqui da Caala, que também havia só três armas, não sei
se isso pode se chamar um arsenal. Estão a considerar material bélico, paus, e
etc, etc, o que nos parece um bocadinho absurdo.
Depois de termos
ouvido dizer que havia digamos, fogo intenso contra uma força grande, de
algumas centenas de membro da polícia anti-motim, da polícia anti-terror, e
inclusive de efectivos das forças armadas angolanas que ainda estão no local,
porque o senhor administrador acabou por nos convencer que estão lá naquela
área.
Razão pela qual
está a nos ser dito que é uma área militar, estão lá militares e não podíamos
ir para lá.
Já havíamos tidos
informações ontem de manhã à nossa chegada e que de facto aqui havia intenção
de mandar militares vindos do Ngove para aquela localidade para transformar
aquilo numa localidade militar, numa área militar e impedir acesso inclusive
aos deputados e outras pessoas para lá. Também ontem sem termos levantado esta
questão, o próprio governador provincial, disse-nos que o governo estava a
pensar na possibilidade de levar para lá uma unidade militar e segundo ele,
para impedir que os seguidores do senhor Kalupeteka voltassem para aquele
local. Portanto, foi um cenário montado.
Nós já sabíamos
de ante-mão que iriam fazer tudo mas absolutamente tudo, para impedi os
deputados de irem para lá.
Nós tivemos
informações prestadas por alguns elementos da polícia anti-motim que lá esteve,
a dizer que de facto, houve uma chacina. Nós sabemos, inclusive haver um
oficial desta polícia que terá desmaiado face a barbaridade cometida. E se por
um lado, nós condenamos com toda veemência a barbaridade cometida contra os
polícias, contra o senhor comandante municipal da polícia, aqui da Caala, mais
os outros polícias, também condenamos na mesma medida, o massacre bárbaro
perpetrado. Os relatos que temos apontam que a polícia chegou lá e as forças
foram matando pessoas a catanada.
É informação que
temos e nós achamos que, porque quem não deve não teme, o governo deveria
proporcionar formas de nós chegarmos ao local e fazermos as constatações.
Nós estamos a ver
porque que o senhor governador Kundy Paihama diz podem ir e há ordens
superiores que nos foram transmitidas agora pelo administrador municipal aqui
da Caala recebidas segundo ele, do senhor vice-governador, Joaquim Quito, de
que nós não podíamos ir.
Aliás no diálogo
que fizemos esta manhã com o senhor administrador municipal, ele já tinha dito
que iria ver se nós tínhamos autorização ou não para poder ir para lá. E eu
perguntei se de facto um cidadão qualquer, não importa se é deputado, se é
outra coisa precisava de uma autorização para ir para algum sítio. Ele tentou
recuar mas o termo é este, e prova disso é que de facto, não nos deixam ir para
lá. Nós portanto, além desta conversa que estamos a ter as outras gentes vamos
fazer uma fazer uma conferência de imprensa amanhã. Nós daqui vamos voltar à
cidade do Huambo.
Vamos voltar a
contactar o senhor procurador provincial que nos disse que, pessoalmente é que
nos diria o porque da rejeição de nós visitarmos o senhor Kalupeteka, e depois disso
provavelmente, estarão a encarar as mesmas hipócritas ordens superiores que
depois impedem Angola de marchar.
Devo também
realçar aqui que tem havido uma acusação de envolvimento de algum modo da
UNITA. E eu devo dizer que o senhor administrador municipal da Caala voltou a
falar do assunto. E nós recordamos algumas coisas e uma delas é que todo
cidadão angolano em qualquer parte do país tem liberdade total que lhe dá a
Constituição de aderir a qualquer partido político que queira. E também não é por
via disso que o cidadão, na eventualidade de cometer um crime, tem que ser
julgado em função do partido a que pertence. Porque se não nós não sabemos se o
MPLA hoje podia ter moral para estar fora da cadeia; Porquê? Porque nós sabemos
que há membros do MPLA, que se apropriam do erário público. Nós sabemos que há
membros do MPLA que fazem assaltos, que fazem isso e aquilo. Ora, se as pessoas
todas que assaltam, todas as pessoas que assaltam e que tenham um cartão de
membro de um partido, seriam os seus partidos a ser condenados? Eu não sei o
que é que seria. Para além do facto de que, sobretudo esta província do Huambo
já nos habituou a que se descobrissem paióis de armas que depois acabam por ser
paióis mentiras.
Acabamos por perder arsenais que depois não há nada. As
informações que nós temos é que de facto, eles tinham duas caçadeiras
devidamente legalizadas e que por causa dos acontecimentos de Benguela, fizeram
com que eles entregassem à polícia municipal aqui da Caala, as duas caçadeiras.
Entregaram. Pelo que não tinham arma nenhuma. E então há essas situações que
depois se levantam. E julgo que não é difícil pegar numa bandeira da UNITA e
fazer num sítio qualquer. Para além do facto de que se o senhor Kalupeteka é o
homem do MPLA, porque o passado todo do senhor Kalupeteka não tem nenhuma
ligação à UNITA, mas tem toda ligação ao MPLA, à membro da Organização de
Defesa Popular (ODP) e Organização de Defesa Civil (ODC)”
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