Lusa 20 de Abril
de 2015, às 09:29
A União Nacional
para a Independência Total de Angola (UNITA) nega qualquer envolvimento no
confronto entre seguidores de uma seita religiosa ilegal e a polícia nacional
angolana que terminou com a morte, no Huambo, de nove agentes.
A posição foi
assumida pela direção do maior partido da oposição angolana num comunicado
enviado hoje à agência Lusa, depois de divulgadas imagens de material de
propaganda da UNITA no acampamento da igreja "Sétimo Dia a Luz do
Mundo" e face a acusações de dirigentes políticos sobre envolvimento.
No mesmo
comunicado, a direção do partido liderado por Isaías Samakuva manifesta
"revolta pelas tentativas de envolvimento do nome da UNITA numa situação
que nada tem a ver com ela", considerando "irresponsáveis,
descontextualizadas e imbuídas de má-fé" declarações nesse sentido de
elementos do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), no poder, sobre
os acontecimentos.
O incidente
aconteceu durante a tarde de quinta-feira, em Serra Sumé, a 25 quilómetros da
Caála, tendo os agentes, na versão policial, sido surpreendidos por elementos
da referida seita, conhecida por queimar livros, travar a escolarização e
vacinação dos fiéis, concentrando-os em acampamentos sem condições e reunindo
centenas de pessoas.
Os nove agentes
mortos integravam um forte grupo policial que tentava então capturar o líder
daquela seita, também após confrontos na província de Benguela que terminaram
na morte de outro agente da Polícia Nacional.
No local da
concentração desta seita, em São Pedro Sumé, estariam mais de 2.000 fiéis,
segundo relatos locais, que apontam igualmente para mortos entre os seguidores,
na sequência da intervenção da troca de tiros, informação não confirmada pela
polícia.
No sábado, e
embora sem concretizar a acusação, o MPLA afirmou que "estes atos
bárbaros" foram concretizados "com armas de fogo" que
"ilegalmente" estavam na posse de pessoas que "pretendem alterar
a ordem pública em Angola".
"Os dados
até agora recolhidos permitem facilmente concluir que por detrás destes factos
estão outras forças, que pretendem criar condições para um retorno a situações
de perturbação generalizada, que não poderão ser toleradas", lê-se num
comunicado do bureau político do Comité Central do MPLA enviado à Lusa, em
Luanda.
Criticando o
"repugnante ato" ocorrido no Huambo, a direção do partido do 'Galo
Negro' acusa o MPLA de "por tudo e por nada procurar culpar a UNITA".
"Qualquer
acontecimento negativo é culpa da UNITA. O que pretende afinal o MPLA? Para
onde o MPLA pretende conduzir o País? Quem foi que promoveu, promove e consente
o surgimento dos milhares de seitas que pululam pelo país", questiona o
partido.
O líder da seita,
Julino Kalupeteca, de 52 anos, já foi detido pela Polícia Nacional.
Além do Huambo e
do Bié, esta seita tem atividades conhecidas - ilegais por não estar
reconhecida - nas províncias do Cuanza Sul, Cuando Cubango e Benguela,
multiplicando-se nos últimos dias os confrontos com as autoridades e com a população.
PVJ // JPS
Lusa/Fim
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