06 outubro 2015
Luanda - A eurodeputada Ana Gomes disse hoje à Lusa que a
acusação de "rebelião", anunciada pelo Ministério Público angolano
contra os 17 jovens detidos desde junho, é reflexo do controlo do sistema
judicial pelas forças no poder em Luanda.
Fonte: Lusa
Devo dizer que estava à espera. Desde que estive em Luanda e
conversei sobre o assunto com o ministro da Justiça e com outros elementos do
governo fiquei convencida que eles iriam acusar, embora a acusação possa ser
uma coisa `cavernícula` na argumentação. Mas não me surpreendo porque a
Procuradoria está completamente ao serviço do poder", disse à Lusa a
eurodeputada socialista, Ana Gomes que visitou Luanda no mês de agosto.
O Ministério Público angolano acusou hoje 17 jovens da
preparação de uma rebelião e de um atentado contra o Presidente da República,
José Eduardo dos Santos, prevendo barricadas nas ruas e desobediência civil que
aprendiam num curso de formação.
"Os arguidos planeavam, após a destituição dos órgãos
de soberania legitimamente instituídos, formar o que denominaram `Governo de
Salvação Nacional` e elaborar uma `nova Constituição`", lê-se na acusação,
deduzida três meses depois das detenções e à qual a Lusa teve hoje acesso.
Em causa está uma operação policial desencadeada a 20 de
junho de 2015, quando os jovens angolanos foram detidos em Luanda, em flagrante
delito, durante a sexta reunião semanal de um curso formação de ativistas, para
promover posteriormente a destituição do atual regime, diz a acusação.
"Não é a primeira vez que vemos isto mas era óbvio
porque, quando eu cheguei a Luanda, o próprio Procurador veio à televisão dizer
que eles estavam acusados de golpe de Estado -- acusação que no dia seguinte os
ministros se abstiveram de fazer, dando uma versão mais recuada afirmando que
eram acusados de atos subversivos o que me levou a dizer que eu só comparava
isto aos tempos da luta contra o regime colonial fascista em que ativistas
portugueses eram acusados de subversão e os patriotas angolanos eram acusados
de terrorismo", recorda Ana Gomes.
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