Lisboa - Luaty Beirão terminou a greve de fome na
segunda-feira, ao fim de 36 dias sem comer em protesto contra a sua prisão
preventiva e a de outros 14 activistas angolanos, há quatro meses detidos por
alegadamente estarem a preparar um golpe de Estado e um atentado contra o
Presidente de Angola, José Eduardo dos Santos.
Fonte: Lusa
O músico lusoangolano anunciou o fim da greve através de
uma carta, publicada nesta terça feira no diário digital Rede Angola. O
advogado do activista confirmou o à Lusa, indicando também que já antevia este
desfecho desde segunda-feira, sobretudo por causa dos apelos da família e dos
restantes activistas.
"Era mais do que provável", disse Luís Nascimento
à agência. "De certo modo rendia-se aos apelos dos colegas e nomeadamente
ao último, que foi feito pela esposa, por causa da filha." 
Na carta, Luaty Beirão dirige se aos 14 activistas detidos
como os seus "companheiros de prisão" e defende a ideia de que a
atenção que o caso recebeu já fez cair a "máscara" do regime
angolano. Os outros detidos estão na cadeia de São Paulo, também em Luanda, e pediram
na última semana a Luaty que este terminasse a greve. “Estou inocente do que
nos acusam e assumo o fim da minha greve de fome”, afirma Luaty Beirão, detido,
como os restantes, desde o dia 20 de Junho. E prossegue:“Sem resposta quanto ao
meu pedido para aguardarmos o julgamento em liberdade, só posso esperar que os
responsáveis do nosso país também parem a sua greve humanitária e de justiça.
De todos os modos, a máscara já caiu. A vitória já aconteceu.”
Luaty, filho de uma antiga figura do regime angolano,
admitia terminar a greve de fome apenas se ele e os 14 outros detidos pudessem
aguardar em liberdade o julgamento que foi marcado para o dia 16 de Novembro. O
luso angolano, de 33 anos, internado numa clínica em Luanda, diz agora que
"muita coisa mudou". "Junho vai longe", lêse na carta.
"Passámos muitos dias presos em celas solitárias,
alguns sem comer, com muitas saudades de quem nos é próximo", afirma. Segundo ele, o caso dos 15
activistas teve já um impacto sem precedentes na opinião pública, razão pela
qual diz terminar o protesto.
“Tive a oportunidade de me aperceber do que nos espera lá
fora e queria partilhar convosco o que vi: Vi pessoas da nossa sociedade, que
lutaram pelo nosso país e viveram o que estamos a viver, a saírem da sombra e a
comprometerem se em nossa defesa, para que a História não se repita. Vi
pessoas de várias partes do mundo, organizações de cariz civil, personalidades,
desconhecidos com experiências de luta na primeira pessoa que, sozinhos ou em
grupo, se aglomeram no pedido da nossa libertação.
Já o sentíamos antes, mas
não com esta dimensão”, escreveu o activista.
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