mardi 27 octobre 2015

Luaty Beirão termina greve de fome


Lisboa - Luaty Beirão terminou a greve de fome na segunda­-feira, ao fim de 36 dias sem comer em protesto contra a sua prisão preventiva e a de outros 14 activistas angolanos, há quatro meses detidos por alegadamente estarem a preparar um golpe de Estado e um atentado contra o Presidente de Angola, José Eduardo dos Santos.
Fonte: Lusa


O músico luso­angolano anunciou o fim da greve através de uma carta, publicada nesta terça­ feira no diário digital Rede Angola. O advogado do activista confirmou­ o à Lusa, indicando também que já antevia este desfecho desde segunda­-feira, sobretudo por causa dos apelos da família e dos restantes activistas.

"Era mais do que provável", disse Luís Nascimento à agência. "De certo modo rendia­-se aos apelos dos colegas e nomeadamente ao último, que foi feito pela esposa, por causa da filha." 

Na carta, Luaty Beirão dirige­ se aos 14 activistas detidos como os seus "companheiros de prisão" e defende a ideia de que a atenção que o caso recebeu já fez cair a "máscara" do regime angolano. Os outros detidos estão na cadeia de São Paulo, também em Luanda, e pediram na última semana a Luaty que este terminasse a greve. “Estou inocente do que nos acusam e assumo o fim da minha greve de fome”, afirma Luaty Beirão, detido, como os restantes, desde o dia 20 de Junho. E prossegue:“Sem resposta quanto ao meu pedido para aguardarmos o julgamento em liberdade, só posso esperar que os responsáveis do nosso país também parem a sua greve humanitária e de justiça. De todos os modos, a máscara já caiu. A vitória já aconteceu.”

Luaty, filho de uma antiga figura do regime angolano, admitia terminar a greve de fome apenas se ele e os 14 outros detidos pudessem aguardar em liberdade o julgamento que foi marcado para o dia 16 de Novembro. O luso angolano, de 33 anos, internado numa clínica em Luanda, diz agora que "muita coisa mudou". "Junho vai longe", lê­se na carta.

"Passámos muitos dias presos em celas solitárias, alguns sem comer, com muitas saudades de quem nos é próximo", afirma. Segundo ele, o caso dos 15 activistas teve já um impacto sem precedentes na opinião pública, razão pela qual diz terminar o protesto.


“Tive a oportunidade de me aperceber do que nos espera lá fora e queria partilhar convosco o que vi: Vi pessoas da nossa sociedade, que lutaram pelo nosso país e viveram o que estamos a viver, a saírem da sombra e a comprometerem­ se em nossa defesa, para que a História não se repita. Vi pessoas de várias partes do mundo, organizações de cariz civil, personalidades, desconhecidos com experiências de luta na primeira pessoa que, sozinhos ou em grupo, se aglomeram no pedido da nossa libertação. 

Já o sentíamos antes, mas não com esta dimensão”, escreveu o activista.

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