Luaty Beirão responsabiliza o presidente de Angola, José
Eduardo do Santos, pelas consequências da greve de fome que começou há 29 dias.
O rapper, formado em engenharia, considera que os seus direitos constitucionais
estão a ser desrespeitados.
Beirão foi transferido durante a semana para uma clínica particular,
depois de ter perdido os sentidos durante alguns minutos. A carta divulgada
este domingo tem a data de 14 de outubro e a assinatura foi reconhecida pelos
serviços prisionais.
O ativista de 33 anos
foi detido no dia 20 de junho com mais 14 jovens. Em setembro foram acusados
pelo ministério público de prepararem uma rebelião e um atentado contra o chefe
de Estado. O caso começa a gerar algumas reações internacionais.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros está a encetar
contactos para conseguir um encontro a sós com o cidadão luso-angolano. Durante
a semana o rapper recebeu a visita de alguns diplomatas da União Europeia e, em
Lisboa, realizou-se um pequeno protesto.
Além de Luaty Beirão, há outro ativista em greve de fome. De
acordo com o site Maka Angola, Albano Bingobingo pode estar em risco de vida.
Menos mediático, o caso de Bingobingo pode ser mais grave, denuncia o
jornalista angolano Rafael Marques de Morais.
Bingobingo iniciou a greve de fome há 11 dias mas no sábado
(17 de outubro) encontrava-se numa sala de detenção com cerca de uma centena de
outros reclusos, apenas uma latrina comum e sem atenção médica. A mulher de
Luaty Beirão, Mónica Almeida, declarou ontem à euronews que os 14 ativistas
foram entretanto transferidos para cadeia-hospital de São Paulo, em Luanda.
O Governo de Angola
continua em silêncio sobre estes 15 ativistas, mas de uma forma geral reagiu a
uma resolução europeia que solicitou a Luanda pela “libertação imediata e
incondicional de todos os ativistas pelos direitos humanos, incluindo Marcos
Mavungo e os 15+1 ativistas detidos em junho de 2015.”
[ A Resolução do Parlamento Europeu de 10 de setembro ]
Num comunicado de 25 de setembro, disponibilizado pela
assessoria de imprensa da Embaixada angolana no Benelux, o executivo liderado
por José Eduardo dos Santos limitou-se a a reagir a resolução n°2015/2839 (RSP)
do Parlamento Europeu, aprovada, recentemente, sobre a situação dos Direitos
Humanos em Angola. “o Executivo angolano rejeita categoricamente o conteúdo da
resolução do Parlamento Europeu sobre eventuais casos de violação de direitos
humanos e lamenta que uma instituição credível se tenha deixado enredar por
informações caluniosas”, lê-se na nota.
O Governo angolano acrescenta ainda que a resolução foi
tomada tendo “por base um relatório parcial e subjectivo, elaborado por uma
eurodeputada (a portuguesa ana Gomes) que realizou uma deslocação privada à
República de Angola, no passado mês de Julho.”
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