Lusa 15 de Outubro de 2015, às 17:46
O líder da bancada parlamentar da União Nacional para a
Independência Total de Angola (UNITA) afirmou hoje que o discurso sobre o
Estado da Nação não apresentou soluções para a grave situação de crise
económica que o país vive.
Raul Danda reagia ao discurso sobre o Estado da Nação, lido
pelo vice-Presidente da República, Manuel Vicente, no arranque o novo ano
parlamentar, em nome do Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, que
sofreu uma "indisposição", conforme anunciado momentos antes da
sessão solene.
Segundo o líder da bancada parlamentar do UNITA, o maior
partido da oposição angolana estava à espera que o Presidente angolano fosse à
Assembleia Nacional apresentar soluções.
"Porque aquilo que nós achamos que devia ser uma
mensagem sobre o Estado da Nação, é um conjunto de políticas conducentes à
solução dos graves problemas que o país vive", disse Raul Danda.
Para o deputado, o discurso trouxe apenas "alguns dados
estatísticos, que a determinada altura pensamos que estivéssemos diante de um
relatório do Instituto Nacional de Estatística".
"Não estávamos à espera que se dissesse, tal como
ouvimos aqui há bocado, que está-se a fazer de tudo para que a situação não
tenha um impacto negativo sobre as populações. Sabemos que isso não é verdade,
porque há impacto na vida de todos nós", frisou Danda.
O líder da bancada da UNITA referiu que os grupos
parlamentares estão sem dotação financeira para o seu funcionamento há alguns
meses porque, segundo o Governo - liderado pelo Movimento Popular de Libertação
de Angola (MPLA), "não há dinheiro".
"E se não há dinheiro a nível de um parlamento, o que é
que se poderá dizer a nível das famílias? As pessoas não têm comida, aquilo que
as pessoas ganham hoje para quem trabalha e que ganhava ontem, hoje não
consegue comprar nem metade daquilo que podia comprar ontem em termos de
alimentação, em termos de tudo", lamentou.
O Governo angolano afastou hoje um cenário de recessão
económica no país, este ano, apesar da forte concentração das receitas no setor
petrolífero, admitindo apenas uma "ligeira desaceleração" do
crescimento.
"Todas
as economias têm ciclos altos e baixos. A boa notícia é que não haverá
recessão, mas apenas uma ligeira desaceleração do crescimento da economia,
sendo essa uma boa base de trabalho para o próximo ano", anunciou Manuel
Vicente.
Sobre
recados lançados a "entidades estrangeiras interessadas em instalar o caos
e a desordem" em alguns países africanos, criticadas hoje pelo Presidente
angolano, Raul Danda considerou que "não passa de uma situação de alguém à
busca de bode expiatório".
"Nós, neste país, estamos habituados desde a sua
independência a empurrar culpas para outrem quando nós é que dirigimos. Já foi
culpa da guerra o impedimento de fazer isto e aquilo, a chuva, enfim",
ironizou.
O deputado disse também que os angolanos não aceitam que
nenhuma nação estrangeira venha para desestabilizar Angola, mas o país não se
pode escudar "por detrás de tentativas de golpes de Estado e de
incitamentos, porque isso é mentira".
"Há entidades estrangeiras interessadas em instalar o
caos e a desordem em alguns países do nosso continente, para provocar a queda
dos partidos políticos ou de dirigentes com os quais não se simpatiza. Os
angolanos nunca vão ceder diante de quem quer que seja, sempre que se tratar da
defesa dos seus interesses essenciais e vitais. Assim, é fundamental que o
nosso povo se mantenha unido e coeso", disse Manuel Vicente.
NME // EL
Lusa/Fim
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