Quatro eurodeputados pediram nesta sexta-feira à Comissão
Europeia, Autoridade Bancária Europeia, Força-Tarefa de Acção Financeira e
Banco Central Europeu uma investigação sobre a legalidade da compra da empresa
portuguesa Efacec por Isabel dos Santos, filha do Presidente angolano.
Aqueles parlamentares europeus, entre dois vice-presidentes
do intergrupo parlamentar Integridade, Transparência e Corrupção e Crime
Organizado exigem que a investigação seja feita à luz da legislação europeia
contra a lavagem de dinheiro.
A nota dos subscritores citam a imprensa que revelou ter
Isabel dos Santos adquirido 65 por cento da Efacec Power Solutions, em parceria
com a Empresa Nacional de Electricidade Distribuição (ENDE), uma sociedade
detida exclusivamente pelo Estado angolano.
Em Junho 2015, continua a nota, “vários relatórios indicaram
que a Efacec, após a compra, iria fornecer equipamentos eléctricos a três
barragens em construção em Angola, nomeadamente Cambambe e Lauca”.
Em cartas enviadas às instituições europeias e à FATF, uma
organização intergovernamental que combate o branqueamento de capitais, “os
deputados expressaram a sua preocupação pelo facto de a aquisição ter sido
feita através de Winterfell Industries, uma empresa de fachada, com sede na
Zona Franca da Madeira, com uma capital social de apenas 50.000 euros”.
Aqueles eurodeputados lembram ainda que o Presidente
angolano José Eduardo dos Santos emitiu em Agosto deste ano uma ordem
presidencial a autorizar a compra pelo Estado de 40 por cento da Winterfell, de
Angola, por um preço desconhecido.
Esta operação, diz a nota dos parlamentares europeus,
“levanta a possibilidade de o Estado angolano estar indirecta e ilegalmente a
financiar os investimentos privados da sua filha Isabel dos Santos”.
Os eurodeputados dão ênfase também ao facto de “Isabel dos
Santos ser uma PPE(Pessoa Politicamente Exposta), o que, de acordo com a
legislação contra o branqueamento de capitais em vigor na União Europeia,
obriga as instituições financeiras envolvidas - neste caso, os bancos que
financiaram a operação, Caixa Geral de Depósitos, BCP, BPI, Montepio e BIC - a
efectuarem diligências reforçadas para apurar a origem dos capitais de
financiamento e garantia.
Os eurodeputados pedem, por isso, “ao BCE, à Comissão
Europeia e à ABE para que, enquanto agentes de supervisão da integridade do
sistema financeiro europeu, apurem junto do Banco de Portugal - entidade
supervisora nacional – e instituições financeiras se a regulação europeia está
a ser efectivamente cumprida nesta aquisição, e também noutras participações
significativas que Isabel dos Santos já detém em Portugal, nomeadamente no
sector do petróleo, através GALP, na banca através do BPI e do Banco BIC, e nas
telecomunicações, através da NOS, para além de outros investimentos
imobiliários” .
Uma das subscritoras do comunicado é a eurodeputada
portuguesa Ana Gomes.
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