REPÚBLICA DE ANGOLA
ASSEMBLEIA NACIONAL
GRUPO PARLAMENTAR DA UNITA
GABINETE DO
PRESIDENTE
DECLARAÇÃO
POLITICA DA UNITA
22 DE JULHO DE 2015
Excelência Senhor Presidente da Assembleia Nacional;
Ilustres Auxiliares do Titular do Poder Executivo e seus
Auxiliares;
Caros Deputados;
Minhas Senhoras e meus Senhores:
A reunião plenária deste mês de Julho de 2015 inscreve, entre
outros assuntos, um relatório de execução orçamental, relativo ao primeiro
trimestre deste ano, que o Executivo nos traz, para informação, assumido o
facto de que os deputados devem aceitar esta meia dúzia de papéis conforme aqui
são trazidos, sem podermos verificar se esta informação é verdadeira ou não.
Dormiu-se à sombra da bananeira e ninguém pensou na grande
revolução do petróleo de xisto americano, que fez baixar o preço do “crude”,
abanando completamente as estruturas de um país como o nosso, que tira do
petróleo 75% das suas receitas; receitas para realizar despesas visíveis,
verdadeiras; receitas para realizar despesas invisíveis, inventadas; receitas
para realizar despesas repetidas mesmo depois de realizadas e acabadas; mas
também receitas para realizar despesas com a compra de lealdades das elites
políticas, económicas e militares, que custam muito caro aos cofres do Estado.
E a gravidade da situação é admitida nesse relatório de execução orçamental,
com uma quebra de receitas totais em 85%, comparativamente ao mesmo período do
ano passado. É demasiado pesado para uma economia que só se consegue
diversificar no “blá-blá-blá”; num país onde, em 40 anos, os senhores que
mandam não conseguiram criar uma economia alternativa ao petróleo.
E agora que as coisas apertam, e nos mandam a todos apertar
os cintos – porque, para as dificuldades, somos todos angolanos, não importando
a cor partidária; cor partidária que, no entanto, é um imperativo quando se
trata da partilha; e como o Ocidente não serve para os empréstimos, porque
exige transparência, boa governação, prestação de contas, coisas que ainda não
estão inscritas no nosso dicionário, o Presidente da República resolveu ir
pessoalmente à China pedir dinheiro, já que os irmãos asiáticos só querem o reembolso,
não se preocupando com o destino dado ao dinheiro do empréstimo.
Mas o nosso Presidente, afinal, recebeu quanto? Ninguém
sabe! Para pagar como? Ninguém sabe! A troco de quê? Ninguém sabe! Em quanto
tempo? Ninguém sabe! Pedimos ao nosso Presidente para explicar o que fez e como
fez na China, o Chefe não fala! Só falam os chineses e os
“comentaristas-militantes” de serviço para dizerem NADA, dando-nos a desgraça
de assistir a esta comédia com verdadeiros traços de um filme de terror.
As forças políticas na oposição parlamentar solicitaram, a
30 de Junho último, que o Titular do Poder Executivo se digne explicar ao Povo,
dono do dinheiro e da dívida também, quais as condições dessa dívida que vai
amarrar a vida dos pobres desta terra pelos próximos muitos anos. Estamos à
espera.
Aqui neste país onde nada nos afecta, nem crises, nem coisas
que valham, o custo de vida aumentou quase 10%, a inflação anda a uma
velocidade assustadora, ninguém diz aos angolanos qual o verdadeiro estado da nossa
economia e os dados divulgados padecem sempre de um verdadeiro optimismo
militante.
Senhores Deputados,
Viemos aqui falar de “cidadania” e de “nacionalidade”, em
meio de relatos que, na região Leste do nosso país, os estrangeiros estão a ser
agraciados com registos fantoches e atribuição de Bilhetes de Identidade, para
fins que os angolanos não sabem.
Trazem-nos um relatório da Comissão Nacional Eleitoral para
2014. Mas os relatórios referentes aos outros anos, sobretudo o de 2012 para
vermos como, afinal, a CNE fez a gestão das eleições, não chegou aos Grupos
Parlamentares da Oposição. Mas então o que é que está lá que nós não podemos
ver?
Senhores Deputados,
É justamente para impedir que os angolanos saibam o que aqui
discutimos e decidimos, que se impede que as sessões deste parlamento sejam
transmitidas, nem em directo.
A 7 de Novembro de 2013 – já lá vão dois anos – as forças
políticas na oposição parlamentar endereçaram ao senhor Presidente da
Assembleia Nacional uma carta conjunta a reclamar da pouca vergonha de termos
aqui verdadeiras “conversas de quintal” que não chegam aos angolanos. E, mais
uma vez, estamos aqui hoje a falar sozinhos. De nós para nós. Apenas isso. O
Povo? Que se dane, por enquanto! Pois quem manda apenas se vai preocupar com
esse Povo quando precisar do seu voto a troco de algumas latas de cerveja
“Cuca”, numa maratona qualquer, nessa tendência “aldrabacionista” de querer o
poder apenas para se servir.
Esta Assembleia Nacional tem condições técnicas instaladas
para que todas as sessões sejam transmitidas, em directo, e julgamos que aqui
não há nem pode haver coisas a esconder aos angolanos que representamos. Foi
gasto muito dinheiro do erário para o fazer. É obrigação deste parlamento
transmitir fielmente aos angolanos aquilo que aqui fazemos pois, agir de outro
modo, é uma grande desonestidade, uma grande trapaça, uma grande violação ao
direito constitucional dos cidadãos de serem informados; um direito violado
justamente pela Assembleia Nacional que o devia assegurar. Mas o problema é do
parlamento? Não! Acreditamos que nenhum dos deputados presentes nesta sala,
independentemente da sua cor política, é contra a transmissão destas sessões.
Sabemos todos quem nos anda a dificultar a vida, e a ele pedimos que deixe este
Órgão de Soberania funcionar como tal: com soberania. E a partir desta tribuna
quero deixar claro, em nome do Grupo Parlamentar da UNITA, que, a partir de
hoje, vamos utilizar todos os meios democráticos de protesto ao nosso alcance
para que, nesta matéria, os direitos dos cidadãos sejam respeitados. Chega de
“democraturas”!
Muito obrigado, Senhor Presidente.
GRUPO PARLAMENTAR DA UNITA,
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