«Se estivéssemos diante de um tribunal verdadeiro e
independente, estes jovens já estariam em suas casas há muito tempo e os
mandatários e autores da prisão condenados à luz do direito universal», defende
O deputado Adalberto da Costa Júnior, membro do Comité
Permanente da Comissão Política da UNITA, disse nesta quarta-feira que o a
detenção dos 13 jovens «revus» sob a alegação de que estariam a preparar acções
que visavam a subversão da ordem pública com o objectivo de derrubar o governo
é o resultado da crise de valores políticos que grassa entre nós, assim como
da gritante falta de cultura democrática patenteada essencialmente por quem
está no poder.
Adalberto da Costa Júnior falava em exclusivo ao Semanário
Angolense, no quadro de uma «grande entrevista» que concedeu a este jornal, a
que daremos à estampa em próxima edição, na qual aborda diversas questões da
actualidade política e sócio-económica do país.
Para ele, a teoria de que a detenção dos jovens será uma
medida de prevenção, por suspeita de estarem a preparar acções para perturbar a
segurança e a ordem públicas no país, não colhe em absoluto.
Segundo o deputado do Galo Negro, o respeito pelos direitos
cívicos e políticos dos cidadãos está hoje numa situação dramática, porque
temos um Estado assustado, nervoso e isso não é bom para ninguém. «Enquanto
representante de um partido político e enquanto cidadão ou dirigente, em
qualquer um dos papéis, temos repetidamente utilizado os espaços de intervenção
para tranquilizar as instituições e aconselhar a encontrar uma outra forma de
acompanhar esta nossa realidade. Nós temos hoje uma Angola que vive uma
tremenda crise de âmbito económio-social e também uma grande crise de valores
políticos. Há um grande desgaste, há uma formatação do poder que não tem,
infelizmente, cultura democrática», sublinhou.
Em sua opinião, altos dirigentes do partido no poder têm
afirmado que a«democracia não enche a barriga», o que não é bom, por haver
coisas que são ditas que não ficam muito bem. «É este modo de pensar que
depois é transferido para o comportamento lo Negropaga somos todos nós», disse
o deputado do Galo Negro.
«Pelos dados que nos chegam, os jovens reuniram-se para
decidir uma acção de protesto contra o Governo e isso é legítimo. É tão
legítimo que não se pode prender quem quer que seja, em nenhuma
circunstância, por intenções ou por pensamento. Eles não fizeram nenhum
atentado à estabilidade política, não estavam munidos com nenhuma referência de
armas ou de qualquer coisa contundente ou que pudesse ferir a legitimidade.
Neste caso, houve excessos e abusos concretos, porque não houve qualquer
atentado contra a tranquilidade e ordem públicas», afirmou.
O deputado do Galo Negro disse ainda que, se se estivesse
diante de um qualquer tribunal verdadeiro e independente, estes jovens já
estariam em suas casas há muito tempo e os mandatários e autores da prisão
condenados à luz do direito universal.
«Há aqui um grande abuso dos direitos, porque a autoridade
tem limites. Quem tem autoridade não quer dizer que tem imunidades e pode
desrespeitar as leis como tem acontecido. Estamos numa violação de múltiplas
leis com esta atitude e com outras consequências. Pelo que sabemos, estes
jovens foram espancados, entraram em suas casas e levaram abusivamente uma
série de bens, estão restringidos da sua liberdade de modo abusivo e enquanto
político não me sinto bem, enquanto actor não me sinto bem», lamentou.
«E isto não
tem só a ver com os jovens, tem a ver com a limitação da liberdade dos
cidadãos. Estes acontecimentos são uma mensagem muito específica de restrição
dos direitos cívicos e políticos dos cidadãos através da manipulação dos
órgãos de informação públicos, que visa criar a política do ‘não te metas’.
Com o avançar dos anos, temos assistido que há uma regressão dos valores já
adquiridos e isso não pode ser de maneira nenhuma salutar para ademocracia e
para a nação que se pretende», alertou o deputado do Galo Negro..
Kim Alves
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