mercredi 1 juillet 2015

Falta cultura democrática!



«Se estivéssemos diante de um tribunal verdadeiro e independente, estes jovens já estariam em suas casas há muito tempo e os mandatários e autores da prisão condenados à luz do direito universal», defende

O deputado Adalberto da Costa Júnior, membro do Comité Permanente da Comissão Política da UNITA, disse nesta quarta-feira que o a detenção dos 13 jovens «revus» sob a alegação de que estariam a preparar acções que visavam a sub­versão da ordem pública com o ob­jectivo de derrubar o governo é o re­sultado da crise de valores políticos que grassa entre nós, assim como da gritante falta de cultura democráti­ca patenteada essencialmente por quem está no poder.


Adalberto da Costa Júnior falava em exclusivo ao Semanário Ango­lense, no quadro de uma «grande entrevista» que concedeu a este jor­nal, a que daremos à estampa em próxima edição, na qual aborda di­versas questões da actualidade polí­tica e sócio-económica do país.

Para ele, a teoria de que a deten­ção dos jovens será uma medida de prevenção, por suspeita de estarem a preparar acções para perturbar a se­gurança e a ordem públicas no país, não colhe em absoluto.

Segundo o deputado do Galo Ne­gro, o respeito pelos direitos cívicos e políticos dos cidadãos está hoje numa situação dramática, porque temos um Estado assustado, nervoso e isso não é bom para ninguém. «Enquan­to representante de um partido polí­tico e enquanto cidadão ou dirigente, em qualquer um dos papéis, temos repetidamente utilizado os espaços de intervenção para tranquilizar as instituições e aconselhar a encontrar uma outra forma de acompanhar esta nossa realidade. Nós temos hoje uma Angola que vive uma tremenda crise de âmbito económio-social e também uma grande crise de valores políticos. Há um grande desgaste, há uma formatação do poder que não tem, infelizmente, cultura democrá­tica», sublinhou.

Em sua opinião, altos dirigentes do partido no poder têm afirmado que a«democracia não enche a bar­riga», o que não é bom, por haver coisas que são ditas que não ficam muito bem. «É este modo de pen­sar que depois é transferido para o comportamento lo Negropaga so­mos todos nós», disse o deputado do Galo Negro.

«Pelos dados que nos chegam, os jovens reuniram-se para decidir uma acção de protesto contra o Go­verno e isso é legítimo. É tão legíti­mo que não se pode prender quem quer que seja, em nenhuma circuns­tância, por intenções ou por pensa­mento. Eles não fizeram nenhum atentado à estabilidade política, não estavam munidos com nenhuma referência de armas ou de qualquer coisa contundente ou que pudes­se ferir a legitimidade. Neste caso, houve excessos e abusos concretos, porque não houve qualquer atenta­do contra a tranquilidade e ordem públicas», afirmou.

O deputado do Galo Negro disse ainda que, se se estivesse diante de um qualquer tribunal verdadeiro e inde­pendente, estes jovens já estariam em suas casas há muito tempo e os man­datários e autores da prisão condena­dos à luz do direito universal.

«Há aqui um grande abuso dos direitos, porque a autoridade tem limites. Quem tem autoridade não quer dizer que tem imunidades e pode desrespeitar as leis como tem acontecido. Estamos numa violação de múltiplas leis com esta atitude e com outras consequências. Pelo que sabemos, estes jovens foram espan­cados, entraram em suas casas e le­varam abusivamente uma série de bens, estão restringidos da sua liber­dade de modo abusivo e enquanto político não me sinto bem, enquanto actor não me sinto bem», lamentou.

«E isto não tem só a ver com os jovens, tem a ver com a limitação da liberdade dos cidadãos. Estes aconte­cimentos são uma mensagem muito específica de restrição dos direitos cí­vicos e políticos dos cidadãos através da manipulação dos órgãos de infor­mação públicos, que visa criar a polí­tica do ‘não te metas’. Com o avançar dos anos, temos assistido que há uma regressão dos valores já adquiridos e isso não pode ser de maneira nenhu­ma salutar para ademocracia e para a nação que se pretende», alertou o deputado do Galo Negro..

Kim Alves


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