PÚBLICO
26/04/2016
Acumulação de
lixo em Luanda e chuvas fortes são apontadas pela OMS como as principais
causas. País também enfrenta grave surto de febre-amarela.
A acumulação de
lixo em Luanda é uma das causas para a propagação da malária AFP.
Nos primeiros
três meses do ano, um surto de malária fez 2915 mortos em Angola, revelou esta
terça-feira a Organização Mundial de Saúde (OMS).
A malária é já a
principal causa de morte em Angola, mas este ano prepara-se para ser recordado
pelas piores razões. “Este novo surto de malária devastou o país inteiro, até
em províncias que têm uma prevalência endémica baixa estamos a notar uma
propagação e um crescimento dos casos”, disse à Reuters Hernando Agudelo
Ospina, o representante da OMS em Angola.
A manter-se o
ritmo, a taxa de mortalidade da malária pode chegar às 12 mil vítimas até ao
final de 2016. No ano passado, a doença fez oito mil mortos e em 2014 morreram
5500 pessoas, compara a OMS.
Para além do novo
surto de malária, Angola tem registado um aumento do número de casos de
febre-amarela, com mais de 200 mortes, e de diarreia crónica. A acumulação de
lixo nas ruas de Luanda devido a cortes orçamentais e as fortes chuvas têm
contribuído para a prevalência destas doenças, diz Ospina.
A imprensa local
diz que apenas 7,7% do Orçamento Geral do Estado é para a saúde, três vezes
menos que a Segurança e Defesa, sendo esta a percentagem mais baixa da
Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral, segundo dados da OMS de
2013.
A agudização da
propagação da malária em Angola está em contraciclo com o que tem acontecido na
região. Desde o início do século, o combate à malária – que continua a ser uma
das doenças mais mortíferas no continente africano – conseguiu reduzir em 42% o
número de casos de contracção do parasita e cerca de 66% a taxa de mortalidade,
de acordo com a OMS.
O surto de
febre-amarela também está a preocupar. Cerca de 500 pessoas foram infectadas e
225 morreram desde que os primeiros casos foram registados em Dezembro. A
epidemia já se propagou à República Democrática do Congo, onde 21 pessoas
morreram.
A directora-geral
da OMS, Margaret Chan, declarou que “este é o mais grave surto de febre-amarela
que Angola enfrentou nos últimos 30 anos”, durante uma visita ao país este mês.
Para conter a doença, as autoridades angolanas estenderam recentemente uma
campanha de vacinação às províncias de Benguela e Huambo, para além da capital.
Aucun commentaire:
Enregistrer un commentaire