11 março 2016
Lisboa - O
ativista angolano Rafael Marques afirmou hoje que o anúncio do Presidente de
Angola de que sairá da política em 2018 poderá "inadvertidamente
apressar" a sua sucessão.
"Ao atirar
para o ar esta hipótese, ele está a criar condições para, mesmo dentro da massa
militante do MPLA [Movimento Popular para a Libertação de Angola, no poder],
começar a haver empurrões para a sua sucessão. (...) Vai inadvertidamente
apressar a sua saída", disse Rafael Marques em declarações à Lusa.
Presidente do
MPLA e chefe de Estado angolano há 36 anos, José Eduardo dos Santos anunciou
hoje que deixa a vida política ativa em 2018, ano em que completará 76 anos.
O anúncio foi
feito em Luanda na abertura da 11.ª reunião ordinária do Comité Central do
MPLA, convocada por José Eduardo dos Santos para preparar o congresso do
partido, agendado para agosto e que servirá para preparar as candidaturas às
eleições gerais de 2017 em Angola.
"Em 2012, em
eleições gerais, fui eleito Presidente da República e empossado para cumprir um
mandato que nos termos da Constituição da República termina em 2017. Assim, eu
tomei a decisão de deixar a vida política ativa em 2018", anunciou José
Eduardo dos Santos.
Numa reação a
este anúncio, o ativista Rafael Marques afirmou que, por não ter anunciado
planos concretos, o Presidente "vai criar uma situação de grande
pressão".
"Temos
eleições em 2017. Esperava-se que, fazendo um anúncio desta natureza, o Presidente
apresentasse um plano, se vai sair antes das eleições. Se a intenção é
reformar-se, não pode voltar a candidatar-se às presidenciais", disse.
O ativista
considerou ainda "muito estranho" que o Presidente faça um anúncio
destes "sem avançar com um plano de transição".
"Vai deixar
o filho? Vai deixar o [vice-presidente] Manuel Vicente? Vai abrir o MPLA ao
processo democrático?", questionou, sublinhando que atualmente não há
indicações de que haverá mais candidatos à presidência do partido no poder.
Isso, exemplificou,
"seria o sinal de que o Presidente estaria mesmo a tomar medidas para se
ir embora".
Para Rafael
Marques, o presidente "não tem intenção" de sair de facto da vida
política e este anúncio "serve apenas para descomprimir a atual crise
económica e social".
"Procura
ganhar espaço ao fazer este anúncio, para que as pessoas, durante algum tempo,
procurem ser menos críticas porque ele até já anunciou que não vai continuar no
poder. É uma forma de não prestar contas", disse.
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