DEUTSCHE
WELLE, 08MAR2016,
Em declarações à
Deutsche Welle (DW) África, o jurista William Tonet considera
que as várias
remodelações no Governo angolano, nos últimos meses, são uma mera "rotação
governamental". "Não se pode falar de remodelação, mas uma rotação
governamental.
Isto tem sido normal, a prática é tirar um do chão e pôr no banco e o que está no banco
põe-se no chão", metaforiza o jurista.
Tonet defende
que, em plena crise financeira, faria mais sentido reduzir o número de ministros e
secretários de Estado. "O país precisava efectivamente de um ajuste
governamental
para reduzir os custos, este era o primeiro pensamento de alguém comprometido com
a realidade que Angola vive. Se se diz que Angola está em crise,
é preciso
fazer-se um ajuste à máquina governamental. Há excesso de pessoas", sublinha William
Tonet.
O jurista afirma
ainda que, com os problemas financeiros graves provocados pela
queda do preço do
petróleo e com dificuldades do Banco Central", não se podem estar a fazer
experiências", acrescentando que "não é altura para fazer
experiências
na chefia do
Banco Nacional de Angola". "Nem sempre quando se escreve um livro, isso demonstra
capacidade para gerir uma estrutura como o Banco Central. A sua
excelência
Presidente da República mostrou que nada vale a capacidade no seio do MPLA, o que
interessa é o poder de bajulação", sublinhou.
Em tempo de crise
financeira, o país está a fazer o recadastramento na administração pública para pôr
fim ao pagamento irregular de salários. Até agora, segundo o
semanário
angolano Expansão, já foram detectados mais de 4 mil trabalhadores fantasma. Segundo
o jurista William Tonet, isso deve-se por exemplo, à constante criação de
comissões para acudir a determinadas situações temporárias. "Há um governo que é
nomeado e depois há um outro governo que é nomeado pela mesma
pessoa, que é o
governo das comissões. Há comissões nomeadas nos anos de 1979 e 1980, cujos
membros continuam a receber salários e outras mordomias", explica o jurista.
Segundo as
autoridades angolanas, o recadastramento já terá gerado uma poupança superior a 400
milhões de kwanzas, o equivalente a mais de dois milhões de euros.
Tonet teme, no
entanto, que os funcionários públicos fantasma continuem a existir, apesar do
recadastramento em curso. Para acabar com os trabalhadores fantasma seria
preciso reformular todo o sistema político, conclui o
jurista angolano.
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