dimanche 13 mars 2016

Novos governantes angolanos são mera "rotação governamental" diz William Tonet

DEUTSCHE WELLE, 08MAR2016, 

Em declarações à Deutsche Welle (DW) África, o jurista William Tonet considera

que as várias remodelações no Governo angolano, nos últimos meses, são uma mera "rotação governamental". "Não se pode falar de remodelação, mas uma rotação
governamental. Isto tem sido normal, a prática é tirar um do chão e pôr no banco e o que está no banco põe-se no chão", metaforiza o jurista.


Tonet defende que, em plena crise financeira, faria mais sentido reduzir o número de ministros e secretários de Estado. "O país precisava efectivamente de um ajuste
governamental para reduzir os custos, este era o primeiro pensamento de alguém comprometido com a realidade que Angola vive. Se se diz que Angola está em crise,
é preciso fazer-se um ajuste à máquina governamental. Há excesso de pessoas", sublinha William Tonet.

O jurista afirma ainda que, com os problemas financeiros graves provocados pela
queda do preço do petróleo e com dificuldades do Banco Central", não se podem estar a fazer experiências", acrescentando que "não é altura para fazer experiências
na chefia do Banco Nacional de Angola". "Nem sempre quando se escreve um livro, isso demonstra capacidade para gerir uma estrutura como o Banco Central. A sua
excelência Presidente da República mostrou que nada vale a capacidade no seio do MPLA, o que interessa é o poder de bajulação", sublinhou.

Em tempo de crise financeira, o país está a fazer o recadastramento na administração pública para pôr fim ao pagamento irregular de salários. Até agora, segundo o
semanário angolano Expansão, já foram detectados mais de 4 mil trabalhadores fantasma. Segundo o jurista William Tonet, isso deve-se por exemplo, à constante criação de comissões para acudir a determinadas situações temporárias. "Há um governo que é nomeado e depois há um outro governo que é nomeado pela mesma
pessoa, que é o governo das comissões. Há comissões nomeadas nos anos de 1979 e 1980, cujos membros continuam a receber salários e outras mordomias", explica o jurista.

Segundo as autoridades angolanas, o recadastramento já terá gerado uma poupança superior a 400 milhões de kwanzas, o equivalente a mais de dois milhões de euros.

Tonet teme, no entanto, que os funcionários públicos fantasma continuem a existir, apesar do recadastramento em curso. Para acabar com os trabalhadores fantasma seria
preciso reformular todo o sistema político, conclui o jurista angolano. 

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