O presidente José Eduardo dos
Santos é cada vez menos credível na arena internacional.
Dois acontecimentos
internacionais na esfera económica e financeira têm colocado muitas dúvidas
sobre a credibilidade e a confiança que os mercados e autoridades financeiras
internacionais podem ter em José Eduardo dos Santos (JES).
O primeiro é a história da garantia presidencial prestada ao Banco Espírito
Santo Angola (BESA) e que depois foi retirada. Conta-se rapidamente: Em 31 de
Dezembro de 2013, JES assinou o papel que garantia soberanamente US $5.7
biliões, que abrangiam mais de dois terços dos empréstimos que o BESA tinha
concedido. Essa garantia colocava então os empréstimos de elevado risco do BESA
sem risco; simultaneamente, o empréstimo de mais de três biliões de euros
concedido pelo Banco Espírito Santo (BES) ao BESA passava a ser um empréstimo
formalmente sem risco. Assim, com um coelho tirado da funda cartola de JES, BES
e BESA ficaram solventes e fortes. Eis senão quando… por alguma razão
premonitória, o Banco de Portugal não considera fiável a garantia de JES e
obriga o BES à resolução no Verão de 2014. Dois dias depois Angola revoga a
garantia prestada ao BESA. Contudo, aparentemente, no dia 1 de Abril de 2014,
o ministro da Finanças de Angola, Armando Manuel, tinha enviado uma nota à KPMG
(auditora do BESA e do BES) confirmando que a garantia soberana era firme,
definitiva e irrevogável. Uma garantia irrevogável em Abril foi revogada em
Agosto. Há demasiada nébula neste assunto, quer no comportamento português,
quer no comportamento angolano, mas o certo é que uma garantia presidencial
anunciada internacionalmente como irrevogável foi revogada.
Tal atitude gera uma completa
falta de credibilidade do Estado perante os operadores financeiros
internacionais.
Uma outra atitude tem a ver com a compra à Cobalt, empresa norte-americana,
por parte da Sonangol, da exploração petrolífera que aquela possuía em Angola,
pelo valor de US $1.75 biliões. Essa compra terá sido contratada em Agosto, e
estava dependente de autorização do Presidente para ser efectuada até finais de
2015. Parece que os investidores americanos confiavam que, sendo a Sonangol
dependente de JES e estando o contrato assinado, a sua autorização seria uma
mera formalidade. O certo é que não há, até ao momento, notícia de que esse
contrato tenha sido concretizado. Isto é, de que o dinheiro tenha sido
pago. Entretanto, a cotação da Cobalt tem perdido bastante valor na bolsa.
Estes negócios trazem ao de cima
dois problemas.
Por um lado, o incumprimento sistemático, por parte dos dirigentes
angolanos, das obrigações que assumem. Não se pode confiar neles.
Por outro lado, com um carácter
bem mais complexo, a existência de uma teia de interesses obscuros de negócios
e finança que estiveram e estão na base do poderio de JES e que têm implicações
noutros países - Estados Unidos, Brasil ou Portugal - demonstrando uma forma de
agir opaca, obscura e perigosa. Todos leram sobre as confusões do Banco
Espírito Santo e do Grupo Espírito Santo (GES), todos leram sobre as confusões
da Cobalt, Nazaki, que levaram o Bureau Federal de Investigação (FBI) dos
Estados Unidos a abrir uma investigação,
agora arquivada. Todos percebem que há sempre confusão, para usar linguagem simples.
O facto é que há negócios angolanos intrigantes que estão a trazer sérios
problemas aos seus sócios internacionais, com absurdas perdas de valor.
Aucun commentaire:
Enregistrer un commentaire