04 março 2016
Brasil - A casa
de Luiz Inácio Lula da Silva foi alvo de buscas pela Polícia Federal e o
ex-Presidente brasileiro foi levado na manhã desta sexta-feira para depor, no
âmbito da Operação Lava-Jato, que desde Março de 2014 tem investigado a rede de
corrupção e lavagem de dinheiro que tinha no centro a petrolífera estatal
Petrobras e que envolveu empresários e políticos. Segundo o comunicado dos
procuradores que comandam a Lava Jato, emitido esta manhã e citado pela Folha
de S. Paulo, Lula da Silva foi "um dos principais beneficiários" de
crimes cometidos no âmbito da Petrobras.
Fonte: Público
Para interrogatório depois de buscas em sua casa
A Polícia Federal
chegou a casa do ex-Presidente e candidato putativo às eleições presidenciais
de 2018, em São Bernardo do Campo, no estado de São Paulo, às seis da manhã.
Poucos antes das nove da manhã, Lula foi levado para o aeroporto de Congonhas,
em São Paulo, para prestar depoimentos. Ele não foi detido nem incriminado.
Os investigadores
estão a tentar apurar se o ex-Presidente recebeu vantagens indevidas da
Odebrecht e a OAS – duas construtoras que lucraram bastante durante os governos
de Lula e de Dilma e que participaram do esquema de corrupção que existia na Petrobras.
Existem suspeitas, que se ampliaram nas últimas semanas, de que Lula e a
mulher, Marisa Letícia, terão sido proprietários de um apartamento triplex de
luxo em Guarujá, no litoral paulista, e terão frequentado uma quinta em
Atibaia, cujas obras foram pagas por aquelas construtoras. Os dois locais
também estão a ser alvo de buscas, segundo a Folha de S. Paulo.
O ex-Presidente e
mulher já tinham sido chamados a depor no Ministério Público de São Paulo sobre
o apartamento em Guarujá, este mês, mas acabaram por enviar um depoimento
escrito. Lula nega que tenha cometido quaisquer irregularidades e diz-se alvo
de perseguição política.
Outro alvo das
investigações é o filho de Lula, Fábio Luiz Lula da Silva, conhecido como
Lulinha. A Polícia Federal também realizou buscas no seu apartamento em Moema,
na zona Sul de São Paulo. O Instituto Lula, think tank fundado depois de deixar
a Presidência, também recebeu a visita de agentes.
A mais recente
fase da Operação Lava Jato foi baptizada de Aletheia, um termo grego que
significa verdade ou revelação. Quinta-feira, véspera da operação, já tinha
sido um dia duro para Lula, quando a imprensa brasileira divulgou o depoimento
de um senador do PT, Delcídio do Amaral, aos investigadores da Lava Jato, em
que ele acusa o ex-Presidente de tentar comprar o silêncio de testemunhas
detidas no âmbito do escândalo da Petrobras.
A 24.ª e última
fase da investigação Lava-Jato mobiliza cerca de 200 agentes. Cumprem-se 44
mandados judiciais: 33 de busca e apreensão e 11 de condução coerciva. Segundo
a designação da polícia federal, esta nova etapa investiga crimes de corrupção
e lavagem de dinheiro que se suspeita terem sido praticados por "diversas
pessoas no contexto de esquema criminoso e relacionado à Petrobras".
Há semanas que a
pressão se acumula junto de Lula e Dilma, acusados esta semana por um senador
do seu Partido dos Trabalhadores de tentarem interferir na investigação ao
esquema de corrupção na Petrobras. O alegado envolvimento de Lula no escândalo
da petrolífera soma-se a um rol já antigo de suspeitas e prejudica gravemente a
sua presumível candidatura à presidência, em 2018.
O incómodo de
Lula se poder ver obrigado a divulgar os seus registos financeiros, telefónicos
e bancários provocou esta semana o afastamento do ministro brasileiro da
Justiça, José Eduardo Cardoso, apenas dias depois de ter sido detido um
responsável da campanha presidencial de Lula em 2006, João Santana, suspeito de
ter recebido mais de sete milhões de dólares em subornos da construtora
Odebrecht.
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