02 março 2016
Luanda - O
vice-presidente de Angola quebrou o silêncio. E escreveu um comunicado enviado
à redação do Expresso pelas 19h30. Manuel Vicente começa por negar ter
corrompido o ex-procurador Orlando Figueira, que está preso preventivamente.
"Sou completamente alheio à contratação de um magistrado do MP português
para funções no sector privado", "bem como a qualquer pagamento de
que se diz ter beneficiado"..
Fonte: Expresso
Manuel Vicente garante
igualmente que a empresa que pagou mais de 300 mil euros a Orlando Figueira, a
Primagest, "não era nem nunca foi subsidiária da Sonangol" (o
ex-procurador foi trabalhar para o BCP, cujo maior acionista é a Sonangol,
depois de ter tirado uma licença de longa duração). O atual vice de Angola era,
à data dos factos, CEO da petrolífera angolana.
Apesar de se
mostrar "totalmente disponível para o esclarecimento dos factos na parte
em que me dizem respeito", o governante angolano não esclarece se está disposto
a vir a Portugal para ser ouvido pelas autoridades e eventualmente ser
constituido arguido por corrupção ativa.
O procurador
Orlando Figueira foi preso na semana passada pela Unidade anticorrupção da PJ.
É suspeito de ter recebido 305 mil euros em luvas de Manuel Vicente para
arquivar rapidamente um processo em que o vice de Angola era suspeito de
branqueamento de capitais. "Ao que sei uma simples averiguação de origem
de fundos relativos à compra de um imóvel", argumenta Manuel Vicente. O
advogado que o representou nesse caso, Paulo Blanco, também foi constituído
arguido.
Depois de ter
sido ouvido por um juiz de instrução criminal, Orlando Figueira ficou em prisão
preventiva na cadeia de Évora. É a primeira vez que um magistrado é preso por
suspeitas de corrupção e que um governante de Angola é investigado pelos mesmos
motivos.
O COMUNICADO DE
MANUEL VICENTE NA ÍNTEGRA
Têm estado a ser
veiculadas pela comunicação social notícias dando conta do meu suposto
envolvimento em factos que estarão a ser objecto de uma investigação conhecida
por “Operação Fizz”, conduzida pelas autoridades judiciárias portuguesas.
Desconheço se o
veiculado pela comunicação social corresponde ou não àquilo que estará a ser
efectivamente investigado. Porém, os relatos apresentados por diversos órgãos
de comunicação a meu respeito, para além de não corresponderem à verdade,
atentam gravemente contra o meu bom nome, a minha honra, imagem e reputação.
Na verdade, sou
completamente alheio, nomeadamente, à contratação de um magistrado do
Ministério Público português para funções no sector privado, bem como a
qualquer pagamento de que se diz ter beneficiado, conforme relatos da
comunicação social, alegadamente por uma sociedade com a qual eu não tinha
nenhuma espécie de relação, e que não era nem nunca foi subsidiária da
Sonangol.
Quanto ao
processo arquivado, ao que sei uma simples averiguação de origem de fundos
relativos à compra de um imóvel, confiei a minha representação a um advogado, o
qual apresentou comprovação cabal da origem lícita dos fundos, com o que o
processo não poderia deixar de ter sido arquivado — comprovação essa que, se
necessário, poderá ser renovada.
O envolvimento do
meu nome na investigação ora em curso, não tem, pois, qualquer fundamento; não
obstante, estou totalmente disponível para o esclarecimento dos factos na parte
em que me dizem respeito, de modo a pôr termo a qualquer tipo de suspeições, e,
com certeza, tudo farei para que sejam devidamente reparados os graves
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